A decisão do Copom de elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, era esperada pelo mercado. Mas para o sócio-diretor da MAG Investimentos, Claudio Pires, “existem alguns pontos que chamam a atenção no comunicado divulgado pelo Banco Central. A projeção para o horizonte relevante da polÃtica monetária, que na última reunião estava em 3,5% e o mercado esperava diminuir para 3,4%, superou as projeções e alcançou 3,6%â€, diz
Ainda segundo Pires, também “chama bastante a atenção no duro comunicado expedido pelo BC a cobrança de celeridade ao governo na apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, pois sozinha a instituição não conseguirá cumprir a meta que está sobre o orçamento. Para o atingimento das metas é preciso que polÃtica fiscal e monetária caminhem em sintonia. Não adianta uma polÃtica monetária ultra contracionista com uma fiscal ultra expansionista, pois a meta não será alcançada e provocaremos desequilÃbrios macroeconômicos relevantes."
Ativos estressados - Para a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, a decisão do BC “era amplamente esperado pelo mercado. A grande dúvida residia na sinalização quanto aos passos futuros de polÃtica monetária e quanto à Selic Terminal. Eles mantiveram a dependência dos dados (...) por causa da grande incerteza do cenário com toda a questão relacionada à eleição dos Estados Unidos e a incerteza em torno do pacote fiscal. Nós temos visto os ativos brasileiros bem estressados, com bastante prêmio de risco, e uma eventual percepção de leniência com a inflação por parte do Banco Central poderia aumentar ainda mais esse prêmio de riscoâ€.
Victal destaca ainda que “o Banco Central revisou a projeção para o IPCA no horizonte relevante, que é o segundo trimestre de 2026, para 3,6% em linha com a expectativa. Essa revisão foi principalmente na parte de administrados, o que alguns agentes podem destacar como menos conservador, mas na nossa opinião não tem maiores implicações. Quanto à próxima reunião (do Copom) a gente segue esperando 50 pontos baseâ€.
Magnitude e ritmo - Já o economista-chefe do Banco Máster, Paulo Gala, diz que a decisão de aumentar a Selic em 0,50 ponto percentual não surpreendeu mas “o cenário está muito mais complicado. Inclusive, já destaca que o horizonte relevante foi empurrado para o segundo trimestre de 2026 na ideia da meta contÃnua de seis trimestres adiante e a previsão de inflação para o segundo trimestre de 2026 é de 3,6% e, portanto, bem acima da meta de 3,0 e para esse ano.â€
Gala destaca ainda que o Copom “menciona que a magnitude do ciclo e o ritmo vão ser editados pela convergência da inflação para a meta e com isso eles deixam entender que se precisar acelerar vai acelerar o ritmo de 0,5 para 0,75 e o tamanho do tamanho total do ciclo também está em aberto. Até pouco tempo a gente discutia a taxa terminal para baixo - se era 10,0, 10,25 ou 10,5 - e agora a gente começou a discutir a taxa terminal para cima se é 12,5 ou 13,0.â€
Cenário 2025 - O diretor financeiro e de investimentos BB Previdência, Ricardo Serone, diz que “é esperado que o Banco Central do Brasil sustente uma elevação da taxa de juros suficientemente grande para reforçar o compromisso com a meta de inflação. Por isso, a BB Previdência estima que a Selic seja elevada novamente em mais 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em dezembro, acompanhando, assim, o Boletim Focus, que projeta a taxa em 11,75% ao final de 2024â€.
Segundo Serone, “para 2025, o cenário é mais incerto. Contudo, se o horizonte não mudar, é provável que a taxa atinja o intervalo de 12,25% a 12,50% até o meio do ano que vem. O ritmo de desaceleração de preços vai determinar, juntamente com as expectativas de inflação, o efetivo progresso da Selicâ€, observa.