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Gama quer ser hub de acesso a grandes fundos internacionais

Bernardo QueimaGamaCom a aquisição do controle da Gama Investimentos pela Itajubá no final do ano passado, a gestora prepara-se para tornar-se um hub operacional de feeder funds que aplicam em fundos master de grandes casas internacionais. A gestora, que tinha R$ 6 bilhões em ativos sob gestão no final de 2021, quer ampliar sua grade de feeder funds dos 12 atuais para 25 a 30 até o final do ano.
As mudanças já começaram por lá. O executivo Bernardo Queima deixou em dezembro de ser sócio da Itajubá para assumir a posição de CEO na Gama, cargo que será formalizado assim que saírem as aprovações necessárias da Anbima e da CVM.
As duas empresas continuarão a operar de maneira segregada, com suas equipes próprias e dedicadas. Ian Caó seguirá como CIO da Gama e Marcos Falcão, atual CEO e sócio da Gama, passará a ser conselheiro na Itajubá Holding.
O “pulo do gato” será a oferta de serviços e conteúdo para gestores, investidores e alocadores, avalia Queima. Até porque montar o feeder é só uma parte, o diferencial esperado virá do suporte comercial para todos os parceiras via web, com calls trimestrais, organização de eventos, informação e conteúdo.
“A experiência do investidor local ao acessar um desses fundos a partir de São Paulo, por exemplo, precisa ser a mesma de quem está baseado em Nova York e investe num fundo da Bridgewater”, explica. A gestão do feeder continuará a ser da Gama, mas o investidor vai saber que está comprando um fundo 100% da Bridgewater, por exemplo.
O time terá que crescer, assim como os investimentos em tecnologia. “Há cinco anos seria impossível pensar em montar uma estrutura como essa mas a tecnologia atual permite dar acesso a informações completas sobre os fundos e os seus gestores”, diz.
O modelo começou a ser desenhado no final de 2019, quando a Gama lançou sua primeira estrutura de feeder funds, que davam acesso à estratégia All Weather da Bridgewater. De lá para cá, a Itajubá decidiu ganhar eficiência operacional com a montagem de uma estrutura de distribuição concentrada.
Os feeders criados pela Gama investem atualmente em veículos geridos por Oaktree, Man Group, Acadian, Lyxor e Bridgewater. São 12 estratégias lá fora e 40 fundos locais, entre versões com e sem hedge, explica Ian Caó, sócio e CIO. “No final de 2021 formalizamos o acordo com a Itajubá e também consolidamos nosso papel como casa independente para oferecer feeder funds que investem em estratégias geridas por gestores que são referência global”, sublinha. O objetivo é ter foco 99% nos produtos internacionais, apostando no potencial de crescimento da alocação do investidor brasileiro no exterior, ainda baixa.

Distribuição própria - Um dos movimentos para crescer prevê atrair gestores que tenham distribuição própria, indo além daqueles que são distribuídos pela prória Itajubá. “Vamos perseguir mandatos sem essa limitação porque há espaço para crescer e ampliar a base de distribuidores parceiros, assim como de investidores institucionais e de alocadores, todos reunidos no hub”, diz Caó.
Outro diferencial, acredita, é a escolha de gestores que tenham muito tempo de estrada e governança forte. “Queremos desenvolver a atual grade e todas essas casas já trouxeram novas estratégias para o Brasil em 2021”, afirma. A intenção é trazer também novos gestores e já há negociação aberta com vários que são considerados benchmark nesse mercado, incluindo uma casa forte em equities na Ásia.
Os recursos aplicados pelos fundos de pensão brasileiros no exterior são um dos alvos mas a casa ainda tem pouca penetração nesse segmento. “Temos conversado com todos os institucionais e há alguns relevantes mas que ainda estão muito atrás do que poderiam em percentual de ativos sob gestão. De todo modo,todos eles dizem que é um foco absoluto aumentar suas plataformas globais”, observa.
A tendência é de expansão apesar da alta da Selic, avalia Caó, até porque independente do carrego dos juros, não há como deixar de ter um pedaço das carteiras diversificado exposto às dinâmicas de outros mercados.