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Perfin aposta na alta das utilities para atrair institucionais

marcelo sandri1perfinCom R$ 6 bilhões em ativos sob gestão para investimento em infraestrutura, a Perfin Asset Management aposta no potencial de valorização das ações de empresas do setor de utilities para gerar resultados e atrair investidores institucionais apesar do cenário desfavorável na bolsa, segundo avalia Marcelo Sandri, analista de equities e sócio. “Estamos mais animados com esses ativos porque a bolsa tem sido afetada pelo cenário de juros elevados, inflação alta e queda na renda da população, uma situação em que todos sofrem, mas o investidor tem procurado alocar em setores mais defensivos da economia, como os ativos de empresas de energia elétrica e outras de utilidades públicas/saneamento, cujas receitas são mais estáveis”, lembra.
Até por conseguirem navegar melhor em períodos turbulentos, com maior estabilidade de caixa e margens maiores, essas empresas têm sido inclusive boas pagadoras de dividendos. A gestora mantém uma estratégia de ações de empresas do setor de utilities, listadas em bolsa, com patrimônio atual de R$ 55 milhões e que utiliza dois veículos específicos: um fundo de ações e outro, um FIC multimercado, este segundo enquadrado à Resolução CMN 4.661.
A estratégia procura somar as características da renda variável com as da área de infraestrutura voltada para energia e saneamento e, desse modo, atender à demanda crescente dos alocadores por fundos temáticos dentro de um setor em que a casa tem expertise.
Com histórico de 14 anos de atuação, a Perfin tem sob gestão um total de R$ 23 bilhões entre os ativos da asset e os de sua gestora especializada em wealth management. O objetivo agora é ampliar a presença dos institucionais, entre eles os fundos de pensão, como investidores do FIC multimercado de utilities, informa Suzana Vescovi, sócia e RI da asset. “Em 2016 passamos a co-investir em leilões, aproveitando a janela de oportunidade que se abriu na época para investir em linhas de transmissão, quando havia um deságio saudável que se reverteu em retornos para os fundos”, diz Vescovi. O esforço este ano é para aumentar a proximidade com as fundações, destacando a expertise da asset, sua capacidade de prospecção, inclusive em saneamento, e a qualidade de seus parceiros de investimento, como a Alupar e o grupo Comerc, prestador de serviços para o mercado de energia.
Com posições relevantes em Eletrobras, Alupar e Auren Energia (antiga Cesp), o fundo aposta em empresas cujos contratos prevêem reajustes que protegem seus resultados contra a inflação. No setor de energia, a alocação pode acontecer em três sub-segmentos – geração, transmissão e distribuição, sendo que este último é o menos protegido dos três por ser afetado pelos riscos de demanda e de inadimplência do consumidor. Os preferidos, diz Sandri são os de geração e de transmissão, sendo que o investimento em transmissão é particularmente favorecido pelas características da operação. “Nesse caso, o único risco do projeto é o da construção porque, depois de concluído o ciclo de obras, a empresa não corre risco de demanda e sua receita é fixa, ajustada pela inflação”.
O contexto de privatização beneficia de modo especial a Eletrobras, ao retirar riscos de interferência do governo sobre a companhia. Por ser 100% voltada a uma fonte de energia renovável, ser líder em market share e agora ter maior liberdade inclusive para cortar custos, suas perspectivas são avaliadas como positivas pelo analista. O grau de eficiência da empresa hoje é muito baixo pois o seu indicador de custos em relação à capacidade instalada é quase o dobro da média dos pares privados. “Mas há muita otimização a ser feita na companhia e esse índice pode cair pela metade ou ser até mesmo inferior ao dos pares da iniciativa privada graças à escala, à possível venda de participações societárias e à chance de extrair valor de uma melhor gestão tributária”, conclui.