Com a aquisição da Lacan Ativos Reais, gestora de fundos florestais no Brasil que tem R$ 1,5 bilhão sob gestão, a Vinci Partners fortalece seus pontos de contato com os institucionais estrangeiros, informa Bruno Zaremba, chairman da área de private equity e head de RI da Vinci. Ao mesmo tempo, a incorporação de um time com 12 anos de expertise na gestão de ativos florestais permite ampliar a presença no mercado latino-americano de florestas, diz Zaremba. A aquisição da Lacan pela Vinci foi anunciada ontem.
“A equipe da Lacan chega entre hoje (5/11) e amanhã (6/11) e vamos iniciar a interação do trabalho com eles. Nada mudará na gestão das estratégias florestais da casa, que tem histórico de bons retornos e forte presença junto à s fundações brasileirasâ€, diz Zaremba.
“Vamos participar do comitê de investimentos apenas como forma de apoio, mas vamos manter inalterado o que está funcionando bem, ou seja, a nossa contribuição será mais na distribuição para os institucionais porque a equipe da Lacan mantém a prerrogativa de gerir a estratégiaâ€, diz. Sem abrir o valor da aquisição, ele explica os principais objetivos da operação.
AuM - O AuM da Vinci, que era de R$ 69 bilhões antes de sua fusão com a norte-americana Compass, em março passado, já contava com forte percentual de institucionais brasileiros, que respondiam por 40% desse volume. Depois da fusão, o AuM total passou a ser de US$ 52 bilhões ou R$ 300 bilhões, com um terço disso representado pelos institucionais latino-americanos.
O raciocÃnio por trás da aquisição seguiu uma lista de prioridades que estão desde 2021 no radar da Vinci. Desde o IPO feito em 2021, uma das prioridades era completar a oferta de produtos de áreas em que a casa já atuava tradicionalmente – private equity, infraestrutura, investimentos imobiliários e crédito investment grade.
“Com o capital levantado no IPO começamos a buscar oportunidades que incluÃram a compra da SPS Capital, de special situations, em 2022. Em 2024, veio a compra da MAV, para atuar na cadeia do agronegócio, e agora vimos a oportunidade de conversar com a equipe da Lacan e trazer para cá sua expertise em fundos florestaisâ€, diz.
Florestais - Com três fundos de investimento em projetos florestais que começaram a captar respectivamente em 2012, 2016 e 2020, a Lacan, fundada em 2012 por Luiz Augusto Candiota, está em plena captação para seu quarto fundo.
“Consideramos que essa aquisição será complementar para os nossos clientes e para a gestão da Lacan porque eles são fortes em florestais para institucionais e nós também, em outras classesâ€, explica Zaremba. Entrar na área de florestas, portanto, poderá trazer mais um ponto de contato com esse investidor.
Um dos objetivos da Vinci é seguir na mesma direção observada nos mercados internacionais, em que os investidores preferem concentrar mais seus investimentos, sem ter que interagir com um número muito grande de casas. Essa demanda impõe às gestoras a necessidade de ampliar suas grades de produtos.
Outro ponto de vantagem da operação, diz Zaremba, é o fato de que a indústria de timber já é muito forte na América Latina e vem crescendo no Brasil. O Uruguai, o Chile e o Paraguai, por exemplo, já têm tradição em fundos florestais.
A Compass, por sua vez, é forte no mercado de América Latina ex-Brasil, e o institucional desses paÃses é o seu maior cliente. "O nosso passivo aqui é similar, então agora estamos qualificados para explorar a expansão dessa estratégia para esses paÃsesâ€, afirma. A expectativa é atingir US$ 1 bilhão sob gestão na nova vertical no longo prazo.
Zaremba lembra que “a Vinci já tem expertise na captação de recursos dos institucionais gringos há 15 anos, com um número de 70 a 80 institucionais estrangeiros na atual gradeâ€. A ideia agora é alavancar essa posição com os produtos florestais e crescer graças também aos créditos de carbono e ao tema da transição climática, que começam a ser incorporados a essas estratégias.
“Nosso fundo de transição climática de infraestrutura tem sido um sucesso e captou R$ 1,5 bilhão e deve atingir R$ 2 bilhões no inÃcio de 2025, com clientes que vêm principalmente da Europaâ€, afirma. É um fundo classificado no artigo 9% da regulação europeia de ESG, o nÃvel mais rigoroso nesses critérios. “De alguns anos para cá, os créditos de carbono têm ganhado relevância no Brasil e na América Latina como um todo, então estamos bem animados com a nova estratégia florestal da Lacan, que incorpora isso ao seu quarto fundo e já tem interessados europeusâ€, diz.
O novo fundo começou a captar há pouco mais de um ano e deve seguir captando até meados de 2025, principalmente junto aos institucionais, que já investem nos três primeiros fundos da casaâ€, explica Guilherme Monteiro, sócio da Lacan. A perspectiva é atingir captação de até R$ 1bilhão, volume que vai depender também do apetite do institucional estrangeiro, diz o gestor.
Crédito de carbono - Além da produção de eucalipto e pinus para a venda de madeira, que é também a base dos fundos anteriores da Lacan, a nova estratégia alocará 5% de seu capital em projetos de restauro de mata nativa em áreas de reservas legais no Brasil, para geração e venda de créditos de carbono. “O crédito de carbono dará um upside no retorno e esperamos agregar esse diferencial tanto nos projetos de madeira comercial como nos de mata nqtivaâ€, informa Monteiro.
Planejado pela equipe da Lacan ao longo dos últimos cinco anos, o fundo número quatro está classificado no artigo 9º da legislação europeia, diz Monteiro, e a gestora agora busca sua classificação com o sufixo IS (Investimento Sustentável) da Anbima.
“A estratégia será exatamente como já havia sido desenhada pelo time da Lacan, sem alterações devidas à aquisição, e estamos bem animados com o potencial desse fundoâ€, afirma Zaremba.