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Funpresp-Jud reduz sua exposição em renda variável e aguarda

Ronnie Gonzaga Tavares3A crise provocada nos mercados pela pandemia do Covid-19 levou a Funpresp-Jud, fundo de pensão dos servidores do Judiciário e do Ministério Público federais, a frear a expansão de suas aplicações em renda variável. Logo nos primeiros dias do ano a entidade tinha elevado de cerca de 10% para 16,5% a fatia das ações em carteira – com aplicações de R$ 50 milhões em fundos de índices, conhecidos como ETFs, e outros R$ 5 milhões em minicontratos de Ibovespa futuro pelo fundo exclusivo Funpresp-Jud Athena, gerido pela casa –e fazia planos para seguir aumentando gradativamente essa participação para 35% do portfólio. O projeto começou a ganhar ajustes na segunda quinzena de janeiro, pouco antes de a B3 despencar, em razão do surto do novo coronavírus.
“Aproveitamos o pico do Ibovespa, que estava próximo de 120 mil pontos, para proteger a parcela de renda variável por meio de estrutura de opções sobre o Índice Bovespa, com a compra de Put e venda de Call”, comenta o diretor de investimentos Ronnie Gonzaga Tavares. 
A estratégia permitiu uma redução da exposição de risco do plano Funpresp-Jud para a casa de 15,5%  ao final de janeiro. O esforço continuou no mês seguinte, com ligeiro corte nas alocações em ações do fundo exclusivo pilotado pela SulAmérica Investimentos. 
“Fechamos fevereiro com 14,9% em renda variável, baixando o risco do plano para 14,4%,”, assinala o executivo. “Desde então, não efetuamos mais nenhum movimento de venda nem de elevação da alocação nesse segmento, só estamos observando o mercado de ações. Vamos aguardar o melhor momento para novos investimentos em renda variável e eventuais realocações.”
Depois de apresentarem ligeiro recuo de 0,41% em janeiro, as aplicações em renda variável da Funpresp-Jud retrocederam 6,53% em fevereiro. A perda, somada à queda de 3,72% apurada nos investimentos em ações no mercado externo, resultou numa desvalorização total de 1,12% em fevereiro e na redução do ganho acumulado no primeiro bimestre para 0,04%. 
“O resultado em março, até o momento, é negativo, não apenas por conta da perda de valor dos ativos de renda variável, tanto domésticos como internacionais, mas também dos títulos de renda fixa. Esses fatores irão afetar todos os fundos de pensão, em maior ou menor escala”, observa Tavares. “O cenário ainda é bastante incerto e não há previsão confiável neste momento. A volatilidade continua extremamente elevada e estimativas, mesmo as de curto prazo, são mais complicadas de serem realizadas no momento.”
Na avaliação do executivo, a renda fixa tende a recuperar prestígio junto aos investidores institucionais, após ter sido colocada em xeque pela redução da Selic ao seu piso histórico. Segundo ele, isso depende da manutenção dos níveis de taxas dos títulos, especialmente aqueles atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), como as NTN-Bs, além de debêntures atreladas a esse indexador. A demanda, acredita Tavares, poderá ser mais acentuada nas fundações que contam com planos de benefício definido (Bds) e marcam os seus títulos na curva.  
“As entidades de previdência com planos CD e que marcam os títulos a mercado também poderão reforçar esse movimento, mas de maneira mais gradual e cautelosa, já que os títulos de médio e de longo prazos embutem uma volatilidade mais elevada, apesar de estarem em patamares já interessantes”, diz o diretor de investimentos da Funpresp-Jud. “De qualquer forma, o nível atual de volatilidade acaba agindo como um agente inibidor de aquisições mais expressivas de ativos, até pela falta de parâmetros e de liquidez no mercado secundário, apesar da possibilidade de aquisição de NTNs-B no mercado primário, por conta dos leilões extraordinários promovidos diariamente pelo Tesouro Nacional.”