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Bolsa corre risco de novo declínio nos próximos meses, diz Simino

Jorge SiminoO Ibovespa, que chegou a cair 40% para 63.569 pontos na data de 23/03 em razão da pandemia global do Covid-19, e hoje está na casa dos 70.900 pontos, corre o risco de voltar a sofrer novo declínio nos próximos meses. A avaliação é de Jorge Simino Júnior, diretor de investimentos da Funcesp. “Espero estar equivocado, mas a possibilidade de uma nova ‘pernada’ negativa da bolsa de valores não deve ser descartada. Afinal, ainda não é possível estimar as dimensões dos danos e prejuízos que serão causados às economias local e global pelo novo coronavírus”, comenta Simino.
A disparidade das projeções sobre a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 apresentadas por diferentes economistas e executivos de empresas nas últimas semanas reflete a perplexidade e as incertezas do mercado diante da crise. Cálculos mais precisos em relação aos estragos, acredita o executivo, só poderão ser feitas daqui a 30 ou 60 dias, desde que surjam claros indícios de um declínio do surto viral e/ou seja anunciada uma vacina contra o Covid-19.
“Se, após tudo isso, ficar constatado que a retração foi maior do que se supunha, um novo ajuste nos preços das ações será inevitável”, diz Simino. “É difícil fazer projeções a respeito, mas, se a queda for muito acentuada, um Ibovespa por volta de 55 mil pontos não chegaria a ser absurdo.”
A possível retomada da curva descendente nos pregões da B3, a depender dos indicadores da atividade econômica a serem divulgados nos próximos meses, tenderá a ser mais intensa no Brasil do que nas principais economias do planeta, acredita o executivo. Isto em razão do tímido conjunto de medidas de estímulo à economia anunciado pelo governo federal, equivalente a cerca de 2% do PIB local em 2019. “Me parece pouco se comparado, por exemplo, ao pacote trilionário dos Estados Unidos, que gira em torno de 10% do seu PIB”, diz Simino. “Uma crise como a atual demanda fortes medidas de natureza fiscal, e não apenas na esfera da política monetária.”
Em decorrência do encolhimento do mercado acionário, a participação da renda variável na carteira de investimentos da Funcesp caiu cinco pontos percentuais, de 15% para 10%, desde o início do ano. O recuo foi fruto da venda de posições, para o reforço do caixa, e da desvalorização do restante do portfólio de ações. A entidade, atenta às oportunidades, já vem buscando identificar papéis subavaliados na bolsa, mas com muito cuidado.
“Acreditamos que as sequelas da crise atual – como perda de receitas, redução de lucros e elevação do endividamento – serão sentidas pelas empresas durante um bom tempo”, observa Simino. “A Petrobras, que anunciou recentemente um corte de 200 mil barris diários em sua produção, devido à maior crise no mercado do petróleo em 100 anos, é um exemplo disso.”