Funcesp aposta em liquidez e vende 30% da carteira de ações

Quando percebeu, entre o fim de fevereiro e o início de março últimos, que o abalo causado pela pandemia do Covid-19 sobre o mercado de capitais tendia a superar os estragos causados pela crise financeira internacional de 2008, a Funcesp tratou, rapidamente, de preservar a sua carteira de investimentos. A entidade, que contabiliza reservas técnicas ao redor de R$ 32 bilhões e 107 mil participantes, vendeu, nos primeiros dias do último mês, cerca de 30% de seu estoque de ações e resgatou aplicações em fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e multimercados.
“Dessa forma, conseguimos garantir recursos mais do que suficientes para o pagamento de benefícios por um prazo superior a 12 meses. Decidimos que não valia a pena correr riscos muito acima dos padrões históricos para cumprir a nossa meta atuarial”, declarou o presidente da fundação, Walter Mendes, no webinar “Impactos do COVID-19 e as alternativas para a Previdência Complementar”.
O surto viral interrompeu, assim, o processo de diversificação da Funcesp, que tendia a reservar mais espaço para ativos de risco em sua carteira. O objetivo anterior, ditado pela meta atuarial, que tem por referência o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), era destinar à renda variável uma participação na faixa de 35% a 40% no portfólio de investimentos. Depois do ajuste, entretanto, os títulos negociados na bolsa de valores tiveram a sua fatia no bolo reduzida para, no máximo, 18%, nos casos de alguns planos de contribuição variável (CV).
“Ainda não chegou a hora de voltarmos a investir em ativos de risco, apesar das quedas das cotações”, disse Mendes, mais propenso a considerar um crescimento das apostas em ativos externos, que renderam à Funcesp um retorno de 24,12% em 2019. “Fomos pioneiros em investimentos no exterior e chegamos a ter posições expressivas no segmento. É uma opção promissora.”