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Prece reforça governança e pretende investir no exterior em 2021

Antonio Carneiro Alves PreceEnquanto o mercado enfrenta o “novo normal” da pandemia, a Prece Previdência Complementar inaugura 2021 enquadrada em novo modelo de gestão, acelerando a recuperação de antigos défaults e adotando mudanças radicais em tecnologia e governança dos investimentos. Segundo o diretor presidente da entidade, Eduardo Freire da Silva Vargas, que assumiu em abril do ano passado, exatos três dias antes da entidade entrar no regime de home office, a “nova Prece” é o resultado de uma transição complexa. “Em plena pandemia, tivemos que readequar uma série de aspectos, da comunicação e intranet até a governança. Estamos migrando de dois planos BD para um CD e tudo terá que estar pronto até abril próximo, há uma série de documentos e autorizações necessários e, para completar, a Previc exagerou um pouco na edição de Instruções Normativas em 2020, o que nos deixou mais sobrecarregados”.
Apesar da sobrecarga, a entidade fechou 2020 cumprindo todos os percentuais exigidos pela fiscalização e adequada aos novos normativos, inclusive à Lei Geral de Proteção de Dados, LGPD. “Foi um marco transformador na gestão administrativa da Prece”, diz Vargas.
Entre as atualizações normativas, ele destaca o esforço de adequação à Resolução nº 32, que dispõe sobre os procedimentos a serem observados na divulgação de informações aos participantes e assistidos, e à instrução Previc nº 31, que estabelece normas para os procedimentos contábeis.
Na governança corporativa, a Prece agregou celeridade ao processo de tomada de decisão ao implementar reuniões online para os seus colegiados (Conselhos Fiscais e Deliberativo e Diretoria Executiva), além de adotar políticas de digitalização de documentos internos e criar de ambientes de rede para disponibilização de conteúdo, que representaram agilidade e redução de custos. “Estimamos uma redução de custos da ordem de 22%”, diz o presidente.
Outra frente relevante foi a mudança na cultura jurídica da entidade, com a agilização de negociações e acordos com empresas devedoras para finalizar processos, alguns dos quais estavam parados na Justiça desde 2017. “A expectativa é de recuperar R$ 400 milhões em défaults ao longo dos próximos dois anos”, informa o assessor Jurídico da Prece, Rodrigo Osorio Gondinho.

Resultados 2020 - A entidade terminou o ano de 2020 com uma rentabilidade média em torno de 2%, resultado afetado negativamente pela baixa de R$ 100 milhões relativos à reavaliação da carteira imobiliária, à adequação à IN PREVIC 34/2009 e à reavaliação econômico financeira de dois ativos relevantes da carteira – TGMC e CRT. Esse enquadramento impactou os planos Prece CV e Prece I e II. Até novembro, informa o diretor de Investimentos da entidade, Antonio Carneiro Alves, os planos Prece CV, Prece I e II e Prece III apresentaram, respectivamente, rentabilidades acumuladas no ano de 1,33%, - 1,50% e de 7,71%.
Os retornos teriam ficado em +3,15% (Prece CV) e +6,11% (Prece I e II) caso o impacto dos R$ 100 milhões fosse expurgado. “A rentabilidade média deve fechar 2020 um pouco acima de 2% mas, sem aquela baixa, iria para 5% ou 6% contra aproximadamente 9% da meta de INPC mais 4,80%”, estima Alves. O ajuste à IN 34, com o enquadramento dos ativos imobiliários, evitou a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao regulador, que era previsto para meados de 2020.

Renda variável - Em 2021 será mantido o patamar atual de 25% dos ativos totais alocados em bolsa brasileira, percentual que já é sustentado pela entidade há quatro anos. O controle da exposição ao risco do mercado nacional deverá ser garantido pelo aumento da diversificação, o que incluirá a primeira incursão da Prece no segmento de exterior, conta Alves. “Mas vamos começar leve, com um percentual de até 3% em exterior”. Além disso, será ampliada a exposição em fundos multimercados. Outra frente será o “garimpo” de títulos privados (debêntures) de primeira linha, em conformidade com limite de rating da política. A intenção, explica Antonio, é manter a estratégia em linha com os objetivos de diversificação e de gerenciamento de riscos, então serão buscados títulos de elevada liquidez, baixo risco de crédito e que entreguem retornos acima das metas atuariais e de gestão.
A reformulação na área de Investimentos passará pela adoção do critério de dupla checagem no modelo de gestão de Funds of Funds - FoFs a partir de 2021, detalha o diretor de Investimentos da Prece, Antonio Carneiro Alves “Já fazíamos o monitoramento dos gestores, mas agora a dupla checagem vai atribuir notas e tudo será formalizado, de modo que eles ficarão mais “ligados” no desempenho dos FoFs”.
O objetivo é aumentar a robustez dos processos e blindagem das operações de investimento, em linha com as melhores práticas de mercado. Para isso, a Coordenadoria de Investimentos está em fase final de estruturação do Manual de Seleção e Acompanhamento dos gestores externos, que irá definir uma série de métricas quantitativas e qualitativas, incluindo aí os princípios ESG e o alinhamento dos gestores com os fundos. O novo documento, aliado ao já existente Manual de Mandato de Gestores, servirá para comparar os FoFs entre seus pares.

Custódia - O reforço na governança dos investimentos deverá ganhar ainda com a troca do administrador fiduciário e custodiante, substituindo respectivamente a Caixa e o Santander pelo BTG Pactual, novo fornecedor desses serviços. “A nova gestão da Prece não só economizará em torno de R$ 500 mil ao ano com essa troca como também já começou a automatizar inúmeras rotinas/processos, com o auxílio do novo administrador/custodiante”, explica Antonio. Os novos controles operacionais automáticos deverão trazer mais segurança e blindagem para a gestão de investimentos, espera o diretor.