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Chile discute novo saque antecipado das reservas previdenciárias

ChileO Congresso chileno discute um projeto de lei que permitirá aos participantes do sistema de fundos de pensão do país um novo saque sobre as reservas previdenciárias. Se aprovada, será a quarta vez desde o início da pandemia do Coronavirus que tal medida é adotada, com o resgate de até 10% das reservas dos participantes. A última vez que o saque antecipado foi adotado foi em abril deste ano, também com o resgate de 10% das reservas.
O sistema de fundos de pensão do Chile funciona aproximadamente como o sistema de previdência aberta brasileiro, com contas individualizadas mas não resgatáveis geridas por administradoras de pensões com fins lucrativos. O sistema tem sido bastante criticado no Chile desde há alguns anos, pelas baixas aposentadorias retornadas aos trabalhadores após décadas de contribuições, sendo um dos estopins das grandes manifestações de rua de 2019 que desaguaram  em pedidos de uma Constituinte â€”atualmente instalada e discutindo uma nova carta magna para o país.
Gabriel Guzmán, de 27 anos, como milhares de jovens trabalhadores chilenos cruza os dedos para que o Congresso chileno aprove uma quarta retirada antecipada das reservas dos fundos de pensão. "Concordo em fazer meu quarto saque porque hoje o dinheiro vale mais na minha mão, porque posso investi-lo", diz Guzmán que é formado em economia e foi ouvido pela agência France Press. Ele acha que consegue rentabilizar melhor o dinheiro do que a administradora onde o dinheiro está depositado.
Já o economista Víctor Salas, da Universidade de Santiago, também ouvido pela AFP, diz que "todos os economistas consideram indesejável, porque se trata de uma retirada de dinheiro guardado para a velhice".
De um total de 11 milhões de afiliados, cinco milhões já ficaram sem fundos nessas administradoras instituídas há 40 anos na ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Boa parte da atual expansão econômica do Chile se deve ao forte aumento do consumo, graças aos saques e às ajudas governamentais às famílias, que no segundo semestre alcançaram 16 dos 19 milhões de habitantes.