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Presidente exonerado da Refer contesta as acusações de desvios

MetroRJO Conselho Deliberativo da Refer, fundação dos funcionários de sete empresas dos ramos ferroviários e metroviários, decidiu exonerar o seu presidente Nilton Vassimon por suspeitas de ter comandado esquema de desvio de valores nos pagamentos a escritórios jurídicos, contratos de aluguel e de assessoria de imprensa. A reunião do conselho que decidiu pela exoneração aconteceu na tarde da quarta-feira (15/09), durando até 22h30. Ouvido por Investidor Institucional, Vassimon nega as acusações.
Segundo reportagem do jornal "O Globo", o Conselho Deliberativo considerou que seriam suspeitos vários atos do agora ex-presidente, como o da contratação de escritórios de advocacia por R$ 5 milhões por dois meses, valor que segundo técnicos do setor estariam fora dos padrões de mercado. Além disso, suspeitam de que poderia haver desvios de recursos na contratação de uma nova sede, com valor de aluguel de R$ 121 mil mensais e contrato de 240 meses (até 31 de julho de 2041), quando o fundo possui três imóveis. Também suspeitam da contratação de uma assessoria de imprensa por 36 meses pelo valor de R$ 43 mil mensais, quando a anterior cobrava R$ 8 mil.
Vassimon diz que “não sei de onde eles tiraram essa informação de que contratei escritórios de advocacia por R$ 5 milhões. Isso simplesmente não existe”, afirmou. “A grande maioria dos contratos de advocacia que temos são anteriores à minha posse e os posteriores recebem R$ 30 mil a R$ 40 mil mensais para fazer a recuperação de investimentos problemáticos, inclusive da época da Operação Greenfield”, explica. Segundo ele, esses escritórios já conseguiram o bloqueio judicial de cerca de R$ 30 milhões das contas de ex-dirigentes e funcionários envolvidos com operações irregulares, além de outras recuperações de investimentos.
Em relação às outras duas suspeitas oferecidas pelo Conselho Deliberativo, afirma que simplesmente não se sustentam. Ele conta que a entidade ocupa hoje um imóvel antigo localizado no centro do Rio, na rua da Quitanda, com vários inconvenientes, entre eles a dificuldade de acesso pelos participantes e a falta de itens tecnológicos que existem em edifícios mais modernos. Chegou a cogitar de mudar desse imóvel, que é próprio, para outro também próprio localizado na rua Visconde de Inhaúma, mas o custo para adequar esse último às necessidades da fundação seriam excessivos e não valeriam a pena numa situação em que a Resolução 4.661 obriga as entidades previdenciárias a se desfazerem de todos os seus imóveis próprios até o ano de 2030.
“Então encontramos um imóvel perto da praça Onze, numa laje única ao contrário das 13 lajes que ocupamos hoje, a um preço por metro quadrado muito convidativo e fechamos um contrato por 20 anos”, diz. Segundo ele, o custo da nova sede soma cerca de R$ 160 mil mensais, incluindo os R$ 121 mil de aluguel mais valor de condomínio e de vagas de garagens, contra os R$ 300 mil que gasta atualmente com aluguel (pago à própria fundação) mais manutenção predial. “Estamos economizando cerca de R$ 1 milhão por ano”, garante.
Sobre o último ponto, de que o valor pago por serviços de assessoria de imprensa cresceram excessivamente, de R$ 8 mil para R$ 43 mil mensais, ele explica que se referem a serviços diferentes. No primeiro caso recebiam basicamente um serviço de clipping, feito por uma profissional contratada como microempresária individual (MEI), e migraram para uma empresa que oferece um leque mais completo de serviços de assessoria, parte do conhecido grupo de comunicação FSB. “O valor aumentou sim, mas os serviços que estamos recebendo são diferentes”, explica. “E o valor de R$ 43 mil mensais está dentro dos padrões de mercado”.
“O que eu posso falar é que desde minha posse estão tentando pavimentar o caminho da minha exoneração”, afirma Vassimon. Segundo ele, a contratação de uma auditoria externa para verificar as contas foi pedida pelo Conselho Deliberativo mas assinada por ele. A Lopes Machado Auditores e Consultores Conselho foi contratada no último dia 26 de agosto para verificar as contas e buscar eventuais prejuízos. “Não vão achar nada de errado”, garante.
Vassimon foi indicado como conselheiro da Refer em setembro de 2019 pela patrocinadora, a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística, e após um período de seis meses assumiu, em março de 2020, a presidência da fundação.