A Chief Investment Office (CIO) do Fundo de Pensão da Nestlé UK, Alessandra Cardoso, falou no 42º Congresso da Abrapp sobre o funcionamento dos fundos de pensão no Reino Unido. Brasileira, ela já trabalhou no fundo de pensão da Nestlé do Brasil e foi para Londres há cinco anos, onde acabou assumindo a posição de CIO na fundação da Nestlé de lá.
Segundo ela, na Inglaterra toda empresa é obrigada a oferecer aos seus funcionários acima de 22 anos e com salário anual superior a 10 mil libras, um plano com adesão automática. Eles podem optar por sair do plano, mas a legislação prevê que as empresas devem reincluí-los a cada 3 anos.
A política de adesão automática dos trabalhadores das empresas aos fundos previdenciários conseguiu elevar o número total de participantes dos planos de Contribuição Definida (CD) do Reino Unido de 2,1 milhões em 2011 para 21 milhões em 2019. Mas ainda há um contingente de cerca de 12 milhões de trabalhadores que não estão poupando o suficiente para a aposentadoria, explicou.
O governo criou o National Employment Savings Trust (NEST), que é uma espécie de fundo multipatrocinado de previdência de baixo custo. “A previdência pública no Reino Unido sofreu grandes mudanças desde 1995, em especial por conta do aumento no custo dos planos advindo da longevidade e da legislação anti-discriminatória”, diz ela.
Cardoso conta que os fundos de pensão do Reino Unido fazem a gestão dos planos de Benefício Definido (BD) focada em risco. “Como a maioria desses planos estão fechados, é preciso garantir sua sustentabilidade para pagar os benefícios até o último participante”, explica. “Se a empresa acabar em 5 anos, eles devem se sustentar para pagar benefícios até o último aposentado”.
No caso dos planos CD, a maioria deles disponibiliza perfis de investimentos relacionados à ciclos de vida, já que a maioria dos participantes optam por não fazer uma escolha ativa de investimentos. O padrão desses ciclos de vida são: crescimento, consolidação e pré-aposentadoria.
Outro ponto destacado por ela é a importância que é dada à adoção de fatores ESG (de ambientais, sociais e de governança) na gestão de investimentos dos fundos de pensão. “O foco é integrar a ESG em todos os processos de investimento, e não simplesmente incluir um fundo ESG na carteira”, afirmou.