Previdência tailandesa aumenta as alocações em ativos globais

O fundo de previdência social da Tailândia, que amarga vários anos de baixa rentabilidade em sua carteira de US$ 77 bilhões (R$ 420 bilhões), está fazendo uma mudança estratégica em sua política de investimentos para alocar cerca de US$ 11,6 bilhões (R$ 63 bilhões) no mercado de ativos privados globais, incluindo private equity, crédito privado e fundos de hedge. Atualmente o fundo investe basicamente em ativos locais de baixo risco, cuja rentabilidade média anual tem sido inferior a 3% nos últimos 10 anos, muito abaixo de seu potencial e das suas necessidades.
O fundo, que provê assistência médica, benefícios de desemprego e pensões para 25 milhões de trabalhadores tailandeses, tem visto sua população de idosos crescer rapidamente. Essa realidade está por trás da decisão de direcionar uma parte da carteira para o mercado global a partir do ano que vem, informou à agência Reuters a participante do conselho de investimentos do fundo, Petch Vergara.
Ex-diretora executiva do Goldman Sachs, Petch disse que a alta concentração do fundo em investimentos domésticos e de baixo risco era insustentável. "Nesse ritmo, o fundo poderia falir até 2051", disse.
"O portfólio de investimentos atual do fundo está excessivamente concentrado em ativos tailandeses", disse ela, acrescentando que "os investimentos de baixo risco podem parecer seguros no curto prazo, mas prejudicam os retornos potenciais de longo prazo".
Uma mudança recente na composição do conselho do fundo, trazendo pessoas de fora do governo, permitiu a adoção dessa estratégia mais agressiva, que reduz a alocação em ativos de baixo risco de 70% para 60% e aumenta a concentração de investimentos de alto risco dos atuais 30% para 40% nos próximos 2 anos e meio, disse Petch. O objetivo é alcançar uma proporção de 50-50 até meados de 2027, ela acrescentou.
A postura mais agressiva é uma resposta ao crescente envelhecimento da população do País, onde um quinto da população de 66 milhões de pessoas superaram 60 anos de idade no final do ano passado, em comparação com 10% há duas décadas, de acordo com o Departamento de Pessoas Idosas do Ministério do Desenvolvimento Social e Segurança Humana.
De acordo com uma consultora de previdência social do Thailand Development Research Institute, atualmente 700.000 trabalhadores aposentados estão elegíveis para pensões pelo fundo, número que deve aumentar significativamente nos próximos anos. Pesquisas independentes avaliam que mais pessoas estarão retirando dinheiro do que contribuindo para o fundo nos próximos anos e haverá um déficit claro de contribuintes até 2045.