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Vexty quer planos de terceiros
Reformulada após denúncias de corrupção contra sua patrocinadora Odebrecht, a Vexty estuda a administração de planos de outras entidades

Edição 372

Figueira,MauroMotta(Vexty) 24dezDepois de atravessar um período delicado, no qual sua principal patrocinadora, a Odebrecht, foi envolvida em um dos maiores escândalos de corrupção da história do País, a Vexty completa neste mês de dezembro 30 anos. E em uma fase bem diferente. O caos da década passada, quando foi colocada no olho do furacão por causa das denúncias contra a patrocinadora no âmbito da Operação Lava Jato, deu lugar a bons resultados e acúmulo contínuo de patrimônio.
Em 10 anos, a Vexty mais do que dobrou seu patrimônio, saltando de R$ 2 bilhões em 2014 para R$ 4,7 bilhões ao final de outubro passado. Desassociar-se da sombra que passou a acompanhar o nome Odebrecht, aliás, foi uma das preocupações da entidade, tanto que uma das suas primeiras medidas foi substituir o nome Odebrecht Previdência por Vexty. O novo nome foi concebido a partir da palavra ‘investimento’, reduzida para invest, à qual se agregou a letra “v” no início como símbolo de crescimento e “x” no meio como um sinal de multiplicação. Junto com a definição do novo nome veio também a alteração da logomarca e uma promessa de nova postura, com mais transparência e compromisso com os participantes.
Atual presidente da Vexty, Mauro Motta Figueira assumiu o cargo no final de 2020, mas não esconde que as alterações foram decididas com o objetivo de distanciar a fundação dos escândalos protagonizados pela patrocinadora. “Esses movimentos foram importantes para demonstrar nossa maior autonomia, para dar segurança a todos os nossos públicos. Tínhamos patrocinadoras importantes passando por questões reputacionais ou financeiras e, como era de se esperar, isso trouxe insegurança para os participantes”, aponta.
Figueira explica que a principal consequência do escândalo da Lava Jato na Vexty foi um ruído entre os participantes, que ficaram preocupados com a saúde de seus investimentos. O foco, então, passou a ser na comunicação. Era preciso assegurar que o episódio de corrupção não tinha qualquer relação com o trabalho da entidade.
O esforço apresentou resultados. Prova disso é que de 2014 para cá, a Vexty evitou uma debandada e teve apenas pequenas alterações no número de participantes, saindo de 20.716 naquele ano para um mínimo de 18.991 em 2016 e evoluindo para os atuais 21.942. “Foi um trabalho grande para mostrar nossa segregação em relação à Odebrecht. Era preciso esclarecer que éramos independentes, até juridicamente falando”, destaca o presidente.
“Como os participantes não tinham conhecimento sobre como funcionava a governança da entidade, entravam em contato conosco para entender se o patrimônio estava em risco, por conta das crises envolvendo as patrocinadoras. Mas isso nunca aconteceu. Foi importante esclarecer, inclusive, que já naquela época tínhamos definido em nossa política a proibição de investimentos em ações ou papeis das nossas patrocinadoras, justamente para evitar qualquer risco.”
Atualmente, a Vexty conta com 70 patrocinadores, inclusive a Novonor, nova identidade do Grupo Odebrecht desde o fim de 2020, a quem Figueira faz questão de elogiar. “É uma patrocinadora importante, foi quem fundou nossa entidade. O grupo passou por uma restruturação importante, temos que reconhecer o bom trabalho que fizeram em termos de reorganização, governança, imagem, revisão dos negócios. É uma parceira por quem temos carinho e respeito muito grande.”

Institucional 372 pag13 1Indo ao mercado - A entidade aprovou recentemente seu novo plano estratégico para os próximos cinco anos, que contempla, entre outros objetivos de crescimento, a possibilidade de administrar planos de outras entidades. “Percebemos que o mercado está crescendo, então, vamos olhar isso com cuidado, com calma. O projeto ainda será discutido pela governança, precisamos falar com nossos patrocinadores, mas já conseguimos aprovação do conselho para ir em frente. Nunca fizemos isso, sempre tivemos apenas o Plano Vexty, mas entendemos que é uma oportunidade, desde que não apresente risco e não prejudique nenhum dos envolvidos”, pontua o presidente da entidade.
Ele pontua que a Vexty já nasceu com o foco em buscar inovação. Tanto que oferece desde 2014 um modelo de gestão de carteiras pouco comum entre as fundações do país, o “data-alvo”, que define o risco das carteiras de acordo com a data de aposentadoria definida pelo participante. São 10 opções no total, sendo a primeira o Perfil de Curto Prazo (ou conservador) e a última o Perfil 2065, o que permite que o beneficiário escolha a melhor estratégia já pensando no horizonte de tempo e em seus objetivos pós-carreira.
“Digamos que eu perto dos 30 anos e vá me aposentar daqui a 35 anos, em 2060. Há um perfil, chamado ‘2060’, que tem uma composição de renda variável, renda fixa, multimercado, adequada para quem vai ficar mais de 35 anos no plano. Com o passar do tempo, essa carteira vai se ajustando, ficando mais conservadora, até chegar nos últimos anos, quando será puramente de renda fixa”, detalha Figueira.
O presidente explica que este modelo, muito comum em entidades de países como Estados Unidos e Canadá, foi considerado pela Vexty como o mais adequado em 2014 para oferecer aos seus participantes. “Isso faz com que a entidade trabalhe para o participante, que só precisa escolher o perfil de acordo com a data de aposentadoria. Nossa administração faz o resto.”
A partir de janeiro de 2025, a Vexty passará a oferecer aos participantes também uma outra possibilidade, que é o perfil ultraconservador, composto predominantemente por títulos públicos, para não ter volatilidade.

Institucional 372 pag13 2Rentabilidades - Os perfis oferecidos pela Vexty tiveram desempenhos bem diferentes ao longo dos meses, com os mais conservadores – como o de Curto Prazo, 2030 e 2035 – apresentando regularidade, com resultados mensais sempre próximos a 0% ou 1%, enquanto os mais arrojados – como 2055, 2060 e 2065 – tiveram muito mais oscilações, chegando a rentabilidades mensais de quase 3%, mas também sofrendo com meses bastante negativos, beirando os -3%.
Se levado em consideração o ano todo, no entanto, os perfis tiveram resultados semelhantes. Até o fim de outubro, o pior desempenho foi justamente do Perfil de Curto Prazo, com 10,4% ao longo de 2024, enquanto o perfil que mais se destacou positivamente foi o 2045, com 13,3%.
“Como nosso participante escolhe o perfil que quer trabalhar, respeitamos a escolha dele. Nosso Perfil de Curto Prazo, que é basicamente renda fixa, está rendendo ali por volta do CDI. Os outros acabam sofrendo um pouco mais em um ou outro mês. Mas não tem nenhum perfil negativo, faz parte do modelo”, afirma Figueira.