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Elas celebram bons resultados à frente de institutos de servidores e apontam os principais desafios num segmento tipicamente masculino

Edição 372

Galvao,Raquel(IprevDF) 24nov 01Com experiência de educadora mas graduada em Ciências Econômicas e em Direito, com pós-graduação em direito previdenciário, Raquel Galvão Rodrigues da Silva, diretora-presidente do Iprev-DF (Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal), começou sua carreira como dirigente do instituto há 14 anos. O perfil de educadora, acredita, tem sido fundamental, ao lado da formação de economista, para fazer com que as pessoas obtenham maior conhecimento sobre o sistema previdenciário.
Ela atuou como analista de gestão educacional da Secretaria de Estado de Educação, cedida ao Iprev-DF em 2011 e a partir daí atuou em diversos cargos no instituto. “Passei pela controladoria e o meu leque de atuação foi aumentando, comecei a me envolver também com a área de investimentos, governança, controles e compliance. Assumi como gestora de recursos em 2019 e em 2022 passei a ser diretora Jurídica, até que em outubro de 2023 fui nomeada para a presidênciaâ€, conta.
Em todas as áreas, o grande desafio é o tamanho do instituto, com R1,2 bilhão no fundo capitalizado, para onde vão os recursos dos servidores que chegaram desde 2019. “Hoje, o patrimônio do fundo capitalizado está investido principalmente em renda fixa/títulos públicos. Em outubro, o fundo já bateu sua meta para o ano de 2024â€, explica.
Primeira mulher a assumir a presidência do Iprev-DF depois de 12 homens terem passado pelo cargo, Raquel observa que esse ainda é um mundo extremamente masculino. “A liderança feminina nos RPPS é inexpressiva e não consegue fluir. Isso acontece não porque falte conhecimento às profissionais, mas porque a escolha notoriamente recai em figuras masculinasâ€, analisa.
Segundo ela, muitas mulheres em cargos de liderança acabam passando uma errônea imagem de inflexíveis e de autoritárias não porque, de fato, o sejam, mas porque sofrem a pressão da responsabilidade dos cargos. “Mas temos tido resultados muito expressivos sob lideranças femininasâ€, diz.
No DF, entretanto, ela ressalta que o governador é um dos que mais prestigia mulheres em cargos de liderança. “Temos mulheres à frente inclusive do corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, a vice-governadora é mulher e diversas secretarias são comandadas por mulheres, há um investimento visível na figura femininaâ€, afirma.
Em 2025, o grande desafio será a continuidade do programa de gestão da carteira imobiliária, dividido em cinco etapas. As duas primeiras já foram efetivadas e a terceira começará no próximo ano. Essa carteira foi transferida ao instituto pelo Tesouro, por determinação legal, como alternativa para reduzir o déficit de R$ 3 bilhões/ano no pagamento de aposentados e pensionistas, que era feito pelo Tesouro. Desde 2019 os imóveis estão todos no fundo garantidor, tendo deixado o fundo capitalizado. “Mas um RPPS não é uma corretora nem tem profissionais do mercado imobiliário, então o nosso maior desafio será monetizar essa carteira e passamos todo o ano de 2024 fazendo contato com gestores, mas ainda não concluímos esse trabalhoâ€, diz.

Edna(BelemPrev) 24ov 01Agilidade de processos - Advogada e consultora jurídica do Município de Belém (PA), Edna D’Araújo é presidente da BelémPrev, regime próprio dos servidores do município, que assumiu à convite do prefeito reeleito Igor Normando (MDB-PA).â€Ã‰ um cargo essencialmente técnico e a instituição não tinha ainda um arcabouço legal e administrativo. Havia apenas um comitê de investimentos mas não havia conselho fiscal nem diretoria executiva. Em dezembro de 2021, no entanto, o arcabouço legal completo já estava em funcionamentoâ€, conta.
Como grande parte dos RPPS, o BelémPrev tem dois fundos – um deficitário que funciona em regime de caixa e um capitalizado que saiu de um patrimônio de R$ 540 milhões em 2021 e já alcança R$ 850 milhões hoje. “Ele quase dobrou de tamanho nesses quatro anos, resultado de um trabalho de muita dedicação. Os membros do comitê de investimentos, assim como eu, são todos certificadosâ€, informa.
O grande desafio da previdência daqui em diante, aponta Edna, é a sua sustentabilidade. “A população do País está envelhecendo cada vez mais e o sistema previdenciário é colocado em xeque. É preciso ter um olhar atento e não esquecer que o sujeito principal da previdência é o servidor enquanto trabalhador. Ele precisa ter dignidade ao final de seu período laboralâ€, enfatiza D’Araújo.
Entre as novidades deste ano, ela ressalta a estreia, em novembro, da carteira de crédito consignado para todos os 21 mil segurados, sejam servidores, aposentados ou plantonistas, da Prefeitura e da Câmara Municipal. “Ao final da primeira semana já tínhamos R$ 1 milhão emprestado à participantes. Pela legislação, podemos usar até 10% do fundo capitalizado para fazer esses empréstimosâ€, conta.
Outro marco foi a entrada no Programa Pró-Gestão, já no nível 2, no final de 2023. “Pensávamos em entrar no nível 1, mas a consultoria que contratamos avaliou que poderíamos ir diretamente para o segundo nível e de fato fomos aprovadosâ€, explica.
A previdência municipal de Belém, diz Edna, saiu do ostracismo e hoje o servidor conhece a previdência. “Quando assumi, assinei uma portaria relativa a um processo de aposentadoria que estava esperando desde 2005. Achei aquilo um absurdo. A Lei Orgânica garante que haja muitos servidores afastados ocupando cargos, sem efetivo exercício porém ainda esperando pela aposentadoriaâ€, lembra. Só na Belém Prev havia mais de 500 processos parados, informa a presidenta.
Uma das conquistas foi a criação do projeto de aposentadoria digital, que ajudou a agilizar os processos. “Hoje quase nada circula mais em papel, foi uma causa que o prefeito sempre abraçou. Com seis meses de governo, inauguramos o projeto Minha Aposentadoriaâ€, conta. É um serviço importante para o segurado, principalmente para os que moram em locais distantes ou fora do País. “A Belém Prev assumiu seu papel institucional de cuidar de todo o processo de previdência, que hoje leva apenas entre 30 a 45 dias para conceder benefíciosâ€, diz.
O servidor também conta com serviços de simulação de aposentadoria e um check-list de documentação feitos pela entidade. Há diversos programas criados para agilizar e dar maior eficiência aos serviços.
Mas a “cereja do boloâ€, diz a presidenta, é o projeto O Futuro Chegou, que recepciona os novos aposentados na sede da entidade todos os meses. “Mostramos a sua nova casa e eles são informados sobre os seus benefícios e o funcionamento da previdência, de todos os programas e departamentos que estão à sua disposiçãoâ€, afirma.
Com o envelhecimento da população, a previdência precisa acompanhar as novas demandas, acredita. “Em Belém atingimos um nível de respeito da previdência jamais vistoâ€, afirma.
Em vinte anos como consultora jurídica, as dificuldades encontradas nos diversos momentos de sua carreira foram de ordem administrativa e organizacional, mas não de gênero, assegura Edna.

Morelli,TatianaPrezotti(Ipamv) 24dez 03Ênfase na integridade - Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo, Tatiana Prezotti Morelli, presidente do Ipamv – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Município de Vitória, é também graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória,com especialização em Direito Público.
Iniciei minha carreira na área previdenciária em 2009, como assessora técnica na diretoria jurídica do Ipamv, e em 2013 fui nomeada presidente da autarquia. Essa experiência foi crucial para a minha compreensão das peculiaridades do sistema, das suas normativas e do impacto que ele tem na vida dos servidores públicosâ€, analisa.
“Sempre me esforcei para unir o conhecimento técnico ao diálogo, promover o bem-estar dos servidores e incentivar um ambiente de trabalho especializado, colaborativo e humanoâ€, afirma.
Entre os avanços conquistados ela enumera a adesão ao programa Pró-Gestão do Ministério da Previdência e ao Programa de Certificação Profissional, que elevaram o nível de governança e de capacitação do instituto. Também houve avanços na digitalização de processos, o que deu maior agilidade e eficiência no atendimento aos segurados.
Morelli explica que, entre as metas do Ipamv para 2025, está o objetivo de consolidar o instituto como referência em governança e sustentabilidade. “Temos trabalhado em iniciativas voltadas à modernização tecnológica, com foco em melhorar os serviços prestados aos servidores, desde o atendimento até o acompanhamento de processosâ€, informa.
“Além disso, trabalhamos no fortalecimento do programa de qualificação da gestão, para fomentarmos melhores práticas de governança, como transparência, accountability e alinhamento com as normas regulatóriasâ€, afirma.
Outro ponto é o compromisso com a gestão dos ativos financeiros. “O cenário dos mercados financeiros afeta diretamente o planejamento estratégico do Ipamv, especialmente no que diz respeito à gestão dos investimentos dos recursos previdenciáriosâ€, diz. Para navegar nesse ambiente, ela lembra que “a gestão profissional deve ser ativa e comprometida com os investimentos, o que ajuda a diversificar o portfólio, reduzindo a exposição a riscos específicos de mercado, crédito ou liquidezâ€, diz.
Os RPPS, acredita Morelli, enfrentam desafios significativos, como o envelhecimento populacional e a necessidade de equilíbrio financeiro e atuarial. “As constantes mudanças normativas, econômicas, a necessidade de gestão de investimentos responsável e o desafio de aprimorar a governança do instituto exigem uma atenção diáriaâ€, observa.
Além disso, é essencial engajar os segurados, promovendo a confiança no sistema. “Sob a ótica da confiança, penso que integridade seja um pilar fundamental para os RPPS, pois assegura que a gestão dos recursos previdenciários seja conduzida de forma ética, transparente e alinhada aos princípios da legalidade e da moralidade administrativaâ€, defende.
A representatividade feminina é um fator que também fortalece a perspectiva de integridade, acredita Morelli. “Esse é um valor essencial à gestão pública que, na minha concepção, é também uma característica associada à liderança femininaâ€, diz. Para a dirigente, as mulheres, historicamente, têm contribuído com um olhar mais sensível e ético, qualidades indispensáveis em um cenário que exige transparência e responsabilidade na administração dos recursos previdenciários.
No Ipamv, ela afirma que a equidade de gênero não é apenas um valor, mas uma prática consolidada. “Atualmente, nossa diretoria conta com três mulheres em posições estratégicas, o que reflete o compromisso da instituição com a promoção da diversidade e da igualdade de oportunidadesâ€, diz.
Embora as mulheres tenham conquistado espaço significativo em funções técnicas e gerenciais, diz Morelli, “alcançar cargos de liderança plena exige superar barreiras históricas, como a sub-representação feminina em espaços de decisão e a necessidade de equilibrar responsabilidades profissionais, familiares e pessoaisâ€.