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Principal erro do Garantia foi visar apenas o curto prazo, diz Jorge Paulo Lemann

jorge paulo lehmanO empresário Jorge Paulo Lemann, em entrevista concedida à Rio Bravo para comemorar a edição de número 500 de seu Podcast, falou sobre o que considera ter sido um dos erros cometidos pelo banco Garantia. “Eu acho que o principal erro que houve do Garantia é que ele era uma organização muito visando o curto prazo e atraía gente boa de gerar resultado no curto prazo. Tinha o bônus semestral... Bônus semestral é período muito curto”, destacou Lemann.

Segundo o executivo, “a maior parte da turma do Garantia estava lá porque era um lugar que dava para ganhar dinheiro e que ganhava dinheiro, então isso gerava uma visão muito de curto prazo e não uma visão de querer construir uma entidade de longo prazo, perene. Acho que foi o principal fracasso geral do Garantia, que no início não se sentia, porque o negócio era ganhar dinheiro e lá no final se sentiu um pouco”.

Quando junto com seus principais sócios decidiu vender o Garantia, prossegue Lemann, “sabíamos que ou ele tinha que mudar muito ou não ia para a frente. O mudar muito era complicado, porque a cultura toda era curto prazista”, pontua o empresário, que lembra que naquela época já tinha o controle de empresas como Lojas Americanas e Brahma. “Tínhamos a oportunidade de construir mais coisas para o longo prazo e aí a decisão foi "Bom, esse negócio daí é bom, mas não está funcionando muito bem no momento, vamos saltar fora de uma maneira que ninguém tenha prejuízo"”. E nas outras empresas que permaneceram no portfólio, pontua Lemann, a visão estratégica passou a ser muito mais de construção a longo prazo, de atrair gente que queria construir no longo prazo.

Quanto à atuação da 3G, ele contou que o principal método de trabalho adotado tem como norte atrair profissionais qualificados com foco em segmentos específicos do mercado. “Tivemos uma experiência com private equity antes, aonde o foco não era tão grande, tínhamos vários investimentos, então a 3G só faz uma coisa de cada vez, só faz com gente que já conhece e, principalmente, com o próprio capital”, ponderou o empresário.

Segundo Lemann, o private equity é um ramo interessante, “mas a maioria das empresas partem para captar muito, porque querem ganhar dinheiro no fee e não necessariamente no resultado. Como o dinheiro é dos outros, eles têm que diversificar, então essa diversificação nós não achamos muito interessante. Em geral, não tocam os negócios com as suas próprias equipes”. A 3g, diz Lemann, faz poucos negócios, com muito foco, principalmente com dinheiro próprio, e sempre com vistas para o longo prazo. “Não temos um objetivo de sair daqui a cinco ou dez anos, como é a maioria dos private equity, estamos ali para sentar em cima e construir em cima até onde for possível”.