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Equitas protege carteira e Brasil Capital mantém posições

Luiz Felipe AmaralEm momentos de extrema volatilidade e forte aumento da aversão ao risco dos investidores como nas últimas semanas, é uma reação comum dos gestores de renda variável aumentar o conservadorismo da carteira com um incremento nos níveis de caixa. A Equitas, por exemplo, que antes da eclosão da crise estava com a carteira quase 100% investida, chegou a ter cerca de 20% dos recursos em caixa, patamar que já recuou para aproximadamente 15%. “Uma das principais posições do fundo era na Petrobras, e acabamos zerando para fazer caixa”, afirmou Luis Felipe Amaral, durante uma live no YouTube na noite de terça-feira (24) promovida pelo BTG Pactual digital. “Normalmente nesse tipo de crise, os investidores acabam exagerando demais na avaliação do cenário e às vezes jogam os preços muito para baixo, o que acaba gerando oportunidades para voltarmos a comprar com preços interessantes”, complementou Amaral.

No entanto, a decisão de levantar a guarda em momentos incertos não é unânime entre os gestores. A estratégia mais defensiva não foi adotada na Brasil Capital. Segundo o CIO da asset, André Ribeiro, os recursos em caixa dos fundos da casa não ultrapassaram o patamar de 2% que já vigorava antes da eclosão da crise. “Ao analisarmos as empresas em nosso portfólio, verificamos que 2/3 são formados por empresas que prestam os serviços essenciais que não foram paralisados, portanto não terão uma queda tão brusca das receitas”, disse Ribeiro durante a live no YouTube. Transporte e logística, transmissão, distribuição e geração de energia, além do comércio eletrônico são os setores mais resilientes no portfólio da asset.

Já entre as empresas de caráter mais discricionário, e consequentemente mais suscetíveis à volatilidade do mercado, a equipe de gestão da Brasil Capital entendeu que, diante de quedas tão expressivas nos preços dos ativos nas últimas semanas, valia a pena seguir posicionado. Ribeiro ressalta, contudo, que a desvalorização expressiva da bolsa não significa necessariamente que há claras oportunidades de entrada. “Houve um recuo muito forte no preço das ações, mas as receitas das companhias também devem cair de maneira expressiva nos próximos meses”, disse o gestor. “Portanto, mesmo com toda a desvalorização do mercado, há papéis que estão negociando com múltiplos próximos aos que tinham antes da crise”.

Amaral, da Equitas, acredita que o momento apresenta oportunidades de entrada, citando a velha máxima do mercado de comprar na baixa e vender na alta. “A questão é que os momentos de baixa nunca são situações confortáveis”, afirmou o especialista. “Outra máxima do mercado é a de que o que é confortável raramente é rentável”, complementou. O gestor da Equitas disse também que enxergar a queda recente como uma janela para comprar ativos de boa qualidade com descontos generosos não significa que não pode haver novos dias de realizações agudas à frente. “Estamos no olho do furacão, sem conseguir traçar cenários para se apoiar e fazer posições de curto prazo”.

No acumulado de 2020, até 24 de março, o fundo da Equitas recua 42,3% e o da Brasil Capital, 42,9%, ante uma baixa de 39,7% do Ibovespa no mesmo intervalo.