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XP integra corporate, institucionais e bancos na área de atacado

Gustavo Balassiano XPDesde o dia 01 de janeiro, a área de investidores institucionais – fundações, RPPS e seguradoras – da XP foi integrada às áreas de corporate e de relacionamento com bancos, decisão que procura acompanhar a tendência global de unificar os institucionais ao segmento de atacado, explica o Head de Corporate e Investidores Institucionais da casa, Gustavo Balassiano. “A intenção é sermos o principal banco de atacado do mercado dentro de três anos e o conceito específico no time é ser a primeira ligação feita pelos clientes”, diz Balassiano.
Tanto para o segmento corporate – empresas com faturamento acima de R$ 1 bilhão – quanto para fundações, RPPS e seguradoras, o objetivo é fazer com que a área possa resolver qualquer assunto, incluindo demandas de investimentos em cenário de juros menores, escolha de benchmarks ou uso de derivativos.
A nova estrutura está sob o comando de José Berenguer, ex-CEO do J.P. Morgan que, desde setembro passado, assumiu o posto de CEO do banco de atacado da XP, incluindo aí o private e o banco de investimentos. Enquanto os bancos ainda são uma “caixinha nova” nessa modelagem unificada, a Distribuição Institucional já soma 120 clientes entre as EFPC, RPPS e seguradoras. A área institucional começou 2020 com R$ 7 bilhões e registrou captação líquida de R$ 2,2 bilhões no ano, fechando dezembro com R$ 9,2 bilhões sob custódia – AuC.

Institucional - O time que cuida especificamente do segmento institucional, liderado por Tais Campos, conta com dez pessoas. A ideia é ganhar mercado indo além da oferta produtos “Queremos ampliar nossa presença com a oferta de soluções utilizando o sistema da XP de maneira integrada para fomentar a diversificação e explorar melhor o apetite dos clientes por investimentos mais sofisticados; a maioria deles ainda tem dificuldade para criar processos de seleção de gestores, por exemplo, e já temos uma plataforma robusta de conteúdo, inclusive com manuais para fazer essa seleção”, diz Tais Campos.
Para as EFPC, a tendência este ano será a diversificação na gestão ativa de renda fixa, aponta Balassiano. “Vamos usar a estrutura de corporate desk para originar, estruturar e dar suporte à gestão mais ativa de renda fixa, mais sofisticada, seja em títulos públicos ou privados. Queremos oferecer serviços diferenciados de análise e alternativas para as carteiras próprias das fundações”, explica o executivo.
Na renda variável, as fundações ainda têm se movimentado muito pouco e a sinalização é de que esse fluxo ainda está por vir, conta Tais. Já nos fundos multimercados estruturados, segundo ela, a movimentação importante que ocorreu nas fundações entre 2018 e 2019 acabou gerando problemas em 2020, durante a crise, já que a maioria delas estava alocada no “kit Brasil”, ou seja, com apostas direcionais na queda dos juros, na alta da bolsa e na alta do real frente ao dólar, com poucas olhando, por exemplo, para estratégias long short ou para fundos quantitativos. Muitas fundações sofreram por conta disso no ano passado e resolveram reduzir um pouco a alocação nessa classe, tanto nos planos CD como CV. “Para avançar agora, terão que diversificar mais nesse aprendizado. Já temos feito esse papel indutor e começamos a ver aumento da demanda pelos fundos quantitativos”, avalia Campos.Tais Campos XP

Exterior - Outra aposta é no aumento da demanda por exterior Em 2020, as fundações aprenderam a desvincular câmbio de estratégias de investimento no exterior e a tendência segue firme, ainda que o sistema como um todo tenha em média 1% alocados lá fora. “Dos R$ 3,5 bilhões que captamos em 2020, R$ 1 bilhão foi de exterior somando recursos de EFPC e de RPPS. No caso dos RPPS, passamos a ser o segundo maior player nessa classe, numa dinâmica que atende pequenas,médias e grandes entidades”, diz Campos. Entre as opções, a XP tem aproveitado parcerias como a do Morgan Stanley e usado COES – Certificados de Operações Estruturadas – para aumentar exterior.
A casa também aposta na demanda crescente dos institucionais pelos Fundos de Investimento Imobiliário, desde as pequenas fundações que querem entrar nessa classe mas não têm equipe; aquelas de porte médio, que têm apenas uma pessoa responsável por FII junto com renda variável, mas não conseguem fazer market timing, preferindo usar os FoFs; e as grandes, que começam a montar modelagens específicas. “A Vivest já é um caso exemplar de sucesso nessa classe, temos dado suporte a eles com a nossa estrutura e com research para seu FIC FIM que compra FII; além disso algumas outras grandes fundações têm nos consultado com interesse sobre o tema”, conta.
Nas entidades abertas de previdência complementar, a situação de diversificação é a menos avançada entre os institucionais, analisa Campos. “A legislação do segmento, a Resolução CMN 4.444, é muito pouco flexível e precisará mudar para dar espaço à diversificação. Até pelas características de seus passivos, essas entidades precisam ficar mais líquidas e com o juro baixo isso ficou difícil”. Ao mesmo tempo, falta conhecimento técnico a essas entidades para avançarem em classes mais sofisticadas de ativos. “Elas ficaram habituadas a apostar nos juros altos para casar com seus passivos de mais curto prazo e ficaram muito para trás. Chegamos a encontrar grandes seguradoras que não sabiam sequer o que era um fundo multimercado”, comenta a executiva. Outro empecilho tem sido a dificuldade para convencer as matrizes de grandes seguradoras no exterior a aceitarem o risco Brasil nos investimentos de suas filiais, completa a executiva.