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Fundo de ativos distressed vê volatilidade como oportunidade

Cristian LaraStrategiO atual ciclo de juros e inflação em alta cria o ambiente ideal para os gestores de ativos distressed irem às compras, aproveitando as oportunidades que surgem nos momentos de maior volatilidade do mercado, avalia Cristian Lara, sócio-fundador da Strategi Capital, gestora especializada em investimentos alternativos e ilíquidos, principalmente crédito estruturado, ativos judiciais, créditos inadimplidos (NPL) e situações especiais. O Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (Fidc) da asset, captou R$ 75 milhões até maio e investe nas dívidas vencidas de empresas privadas junto aos bancos, enquadradas na categoria de “situações especiais”.
O fundo compra essas operações problemáticas dos bancos, que assim limpam os seus balanços e deixam de arcar com os custos dessa cobrança, enquanto o gestor do fundo tem a chance de comprar um crédito barato e analisar individualmente as possibilidades de recuperação daquela dívida, explica. Os investidores são, majoritariamente, private banks, multi-family offices, Funds of Funds (FoFs), fundos multimercados e institucionais.
O momento favorável a esses ativos surgiu no pós-pandemia, por conta do efeito negativo da crise sobre as dívidas das empresas e à pressão adicional que isso provocou sobre o sistema de financiamento bancário. “Durante a pandemia, houve subsídios do governo e um período de rolagem quase compulsória dos créditos, mas isso acabou e já começamos a perceber uma inadimplência marginal no sistema”, diz. Outro fator que tem alavancado essas operações é o amadurecimento do próprio mercado no Brasil, já que os bancos passaram a vender crédito e isso é bom porque há mais players comprando e vendendo créditos vencidos.
A carteira do fundo tem sido recheada com ativos comprados em leilões e no mercado de negociações bilaterais, aproveitando os momentos de volatilidade para encontrar boas oportunidades. “A ponta de originação de ativos está com pressão positiva, enquanto na ponta dos investidores, apesar do juro alto tender a esfriar um pouco o apetite por risco, temos visto uma demanda crescente por alternativas de crédito com maior risco de iliquidez, até porque essa é uma alocação totalmente descorrelacionada com os demais ativos do mercado”, diz.