Uma combinação de taxa de juros elevada e volatilidade dos mercados têm levado, nos últimos anos, boa parte dos gestores de fundos de pensão e de regimes próprios a optar por alocações de renda fixa bastante conservadoras, especialmente as NTN-Bs. Mas a alternativa de investimentos em infraestrutura começa a ganhar corpo nesses segmentos, principalmente pela rentabilidade e possibilidade de diversificação da carteira, avalia o diretor de infraestrutura do Pátria Investimentos, Thiago Bronzi.
“Com o CDI lá em cima, o investidor se questiona se vale a pena sair de NTN-B para outro ativo, mas no caso de infraestrutura vale. É um investimento com retorno a longo prazo, mas para o qual há uma imensa oportunidade agora e que, não necessariamente será mantida no futuro”, afirmou Bronzi.
Ele participou nesta quinta-feira (29/8) do evento Expert 2024, organizado pela XP, numa conferência à parte montada exclusivamente para receber investidores institucionais. Sua participação se deu no painel “Panorama e Oportunidades em Infraestrutura”, juntamente com o gestor da Mantaro Capital, Paulo Abreu, e com o gestor de infraestrutura e sócio da XP Asset, Túlio Machado, além do gestor de investimentos do Instituto de Previdência de Jundiai (Iprejum), Marcelo Vizioli Rosa, que atuou como moderador.
Os três palestrantes foram unânimes ao apontar o atual cenário econômico como o momento ideal para investimento em infraestrutura. “É quando há maior aversão a risco que você consegue os maiores retornos. A grande maioria dos investidores está alocado em NTN-B. Tudo bem, mas daqui a pouco o juro cai e fica todo mundo órfão do CDI. Então, o investidor precisa saber surfar essa onda. Quem tem coragem compra boas oportunidades, e os retornos podem ser muito bons. Podemos enxergar retornos de IPCA mais 20%, 25%”, avaliou Túlio Machado.
“A melhor oportunidade acontece em momentos como esse, ou como aconteceu em 2008 e 2009, quando não sabíamos nem como seria a estrutura de mercado financeiro. É quando ninguém quer ouvir falar de bolsa, pensa exclusivamente em NTN-B, que os ativos de risco estão com menos risco. É um fato, é ali que se encontram as oportunidades”, concordou Paulo Abreu.
Bronzi considerou que o tipo de ativo que o mercado de infraestrutura oferece é bastante condizente com as necessidades de investidores institucionais. “Nossos principais investidores são fundos de pensão e fundos soberanos, porque olham para médio longo prazo, querem proteção e buscam ativos com proteção contra inflação. Quando você investe em infraestrutura, pensa em 10, 15, 20 anos para retorno. E há diferentes níveis de risco, desde a debênture de infraestrutura, até os projetos de fato.”
Mercado ESG – Os palestrantes também ressaltaram o alinhamento dos fundos de infraestrutura com a temática ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), um dos selos mais valorizados atualmente. “O ESG é intrínseco na infraestrutura”, garantiu Bronzi.
“Em projetos estruturantes, tudo tem que ser feito seguindo processo de licenciamento. Precisa respeitar todo o entorno, seja social ou ecológico. Além disso, os investimentos tem impactos sociais relevantes. No caso do saneamento, é óbvio. Mas isso acontece também na parte rodoviária, por exemplo, onde as estradas sob concessão, que recebem mais investimentos, têm índice de fatalidade 40% menores do que aquelas que não foram privatizadas”, explica ele.
De acordo com Bronzi, além do impacto positivo para a sociedade representado pela queda do número de mortes nas estradas, “investimentos feitos pelo capital fechado em rodovias melhora a qualidade do tráfego e diminui a emissão de poluentes, representando uma contribuição ESG importante.”