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Anbima avalia que juros devem começar a subir no segundo semestre

David Beker Bank of AmericaOs juros devem voltar a subir neste ano a partir do segundo semestre, de acordo com os economistas que representam as instituições associadas à Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) no Grupo Consultivo Macroeconômico. A projeção média é que a Selic passe dos atuais 2% para 2,25% em agosto, com altas subsequentes até dezembro, encerrando 2021 em 3%.
"Na reunião do Copom que termina hoje já deve ser abandonado o forward guidance, um recurso adotado em agosto de 2020 para ancorar expectativas e limitar a alta da Selic. Com isso, o Banco Central poderá ter mais flexibilidade para calibrar os juros", afirma David Beker, vice coordenador do grupo e chefe de economia e estratégia do Bank of America.
Alguns economistas do grupo acreditam ainda que o início do aumento dos juros pode, inclusive, ser antecipado para março, dependendo do andamento da pandemia e da campanha de vacinação. Para eles, os juros em 2% não estão condizentes com os riscos vigentes na economia e a inflação mais alta pode persistir já que o processo de transmissão dos preços do atacado para o varejo ainda não foi concluído.
Para a inflação, a estimativa média dos economistas é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano em 3,4%, abaixo da meta estipulada de 3,75%. Quanto ao produto interno bruto (PIB) de 2021, a projeção, que era de 3,5%, em dezembro do ano passado, caiu para 3,4%. A expectativa do grupo é de recuperação gradual da atividade econômica ao longo dos próximos meses, ganhando mais força a partir do segundo semestre.
Em relação à política fiscal, os economistas apontam que o recente aumento dos casos de Covid-19 no Brasil deve contribuir para novos gastos do governo federal, o que pode postergar a recuperação das contas públicas. As projeções para este ano são de déficit primário de 2,9% e de déficit nominal de 6,2% (em dezembro do ano passado, as expectativas eram de déficit de 3% e de 7%, respectivamente).
O agravamento da pandemia ao redor do mundo não deve reverter o processo de recuperação econômica global, segundo o grupo, mas o crescimento deve, entretanto, se manter assimétrico, com destaque positivo para Estados Unidos e China. A projeção do câmbio para o encerramento de 2021 é de R$ 5,10, com valorização de 1,86% do real no ano.
O Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima é composto por 22 economistas de instituições associadas. Eles se reúnem a cada 45 dias, em média, sempre na semana que antecede a reunião doComitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), para analisar a conjuntura econômica e traçar cenários para os mercados brasileiro e internacional.