Edição 371
Acesso às mesmas carteiras - A Real Grandeza adotou o modelo “plug and play” para sua estrutura de fundos, dando aos planos a possibilidade de acessar fundos consolidadores para todas as classes, seja renda variável, renda fixa, multimercados ou exterior, na medida da necessidade de cada plano. Segundo a diretora de investimentos da fundação, Patrícia Queiroz, esses consolidadores incluem fundos exclusivos ou abertos.
“Uma das vantagens dos fundos exclusivos é que os planos não ficam expostos a determinados resgates do mercado, mas para isso é preciso ter um tamanho mínimo. Já nos fundos abertos, o investimento fica exposto aos resgates de curto prazo”, diz.
Os fundos abertos são utilizados para as classes de renda variável, com gestão ativa, e para os fundos multimercado. “Dentro desse modelo, quando penso na alocação de um plano basta “plugar” sua carteira nos fundos consolidadores”, observa a diretora. Isso traz a vantagem de dar acesso às mesmas estratégias também aos planos com patrimônios menores.
“Em mandatos de gestão externa, os fundos abertos são sempre mais fáceis e é preciso avaliar se há motivos para fazer fundos exclusivos ou não”, lembra Felipe Cosi, gerente de investimentos da Real Grandeza.
Um exemplo são os casos em que a fundação queira fazer algum ajuste nos regulamentos dos planos. “Aí gostamos de terceirização de forma mais livre, de acordo com o mandato que foi desenhado pelo gestor, então vamos para os abertos”, diz.
A negociação de taxas não é um parâmetro para a escolha de exclusivos, porque pode ser obtido o rebate de taxas, mas a questão da liquidez é sim um parâmetro para essa escolha, afirma Cosi. “Na classe de crédito, por exemplo, que não tem uma liquidez tão profunda, é importante ter o fundo exclusivo porque em determinados momentos o gestor terá que vender ativos por conta de resgates e nesse caso a carteira deixará de ser aquela que o gestor desenhou e que ele quer ter”, diz.
Governança - Já a Petros combina a gestão própria com a gestão terceirizada. “Seguimos as melhores práticas do mercado e a diretriz é não concentrar a gestão terceirizada em poucos gestores”, diz Alexandre Dias Miguel, diretor interino de investimentos da fundação. Segundo ele, atualmente cerca de R$ 8 bilhões dos recursos estão alocados em cerca de 45 gestoras terceirizadas, o que representa aproximadamente 7% dos recursos garantidores da Petros. Esse valor está dividido entre diversas modalidades de fundos, incluindo os fundos exclusivos (R$ 3,5 bilhões), fundos abertos (R$ 3,5 bilhões) e fundos de fundos (R$ 1,8 bilhões).
“A maior parcela dos investimentos é gerida internamente na fundação, que conta com uma sólida estrutura de governança de investimentos”, enfatiza o diretor. “Nossas estratégias têm se mostrado robustas e apresentam bons resultados. Em 2024, apesar do cenário desafiador, ele observa que os investimentos apresentam rentabilidade de 6,3% de janeiro a setembro, pouco abaixo da meta para o período, de 7%.
Nos fundos exclusivos, nos quais a Petros é a única cotista, a principal vantagem é a maior personalização da carteira de ativos. “Desta forma, podemos refletir mais facilmente as estratégias de investimentos e as diretrizes estabelecidas pela política de investimentos. Os nossos fundos exclusivos estão classificados como multimercados (enquadrado e crédito) e renda variável”, detalha. Por serem fundos exclusivos, precisam ser constituídos antes de começarem a investir, o que demora um pouco mais para ser executado.
Os fundos abertos, diz Miguel, exercem também papel importante na estratégia, por serem de fácil acesso e de rápida implementação, uma vez que estão disponíveis no mercado. “Utilizamos essa estrutura, principalmente, para os fundos multimercados estruturados. Para escolher esses fundos, contamos com uma robusta política de seleção de gestores terceirizados de fundos de investimentos, baseada em critérios quantitativos e qualitativos, operacionalizada pela área de investimentos”, afirma.
Exclusivos por perfil - A preferência do Sebrae Previdência é por fundos exclusivos, explica Victor Hohl, diretor de Administração e Investimentos. “Por conta de nossa estrutura, seria oneroso ter uma equipe especializada para gerir o modelo de perfis de investimento”, diz. Na estrutura utilizada pela entidade, os mandatos terceirizados são montados para cada perfil – arrojado, moderado e conserador – e não por classe de ativos.
“Terceirizamos todas as classes de acordo com os limites de cada perfil, com pelo menos dois fundos exclusivos para cada mandato. São mandatos idênticos, o que me ajuda a comparar as visões de mercado e estratégias de cada gestor”, diz Hohl. Desse modo, ele acaba alocando ou resgatando no gestor que está mais alinhado ou não com a visão da entidade.
Atualmente, a entidade mantém 85% de seus recursos em fundos exclusivos mas optou por ter apenas cinco gestores para os três perfis. Isso acontece porque o perfil conservador tem um único gestor de fundo exclusivo e 5% de sua carteira estão alocados em crédito privado via gestores de fundos abertos. “É uma seleção feita internamente que me permite controlar melhor o risco de uma parcela da alocação em crédito e trabalhar melhor esse mix”, explica. Nos fundos exclusivos também há parcelas de crédito e outras classes.
Segundo o diretor, esse desenho permite realocar entre os gestores sem afetar a discricionariedade dos mandatos. “Tudo é conversado com os gestores, eu dou a eles o nosso grau de apetite a risco e também fazemos calls periódicos de orientação”, afirma. Ele lembra que em 2024 o resultado dos investimentos está bem melhor do que a média da indústria.
Além dos fundos, há 9% dos recursos na carteira de empréstimos aos participantes, que tem sido ampliada e já cresceu quase 100% ao longo dos últimos cinco a seis anos. “Estimulamos essa carteira porque ela tem a melhor relação risco/retorno e sem volatilidade de mercado”, diz.
Gestores especializados - O modelo adotado pela Prevcom inclui dois fundos de fundos, um FICs de FIPs e outro FIC de FII, conta Francis Nascimento, diretora de investimentos. “Mas estamos avaliando um fundo de fundos consolidador para essas duas classes porque buscamos gestores especializados. São categorias que exigem capacidade técnica maior e envolvem aspectos muito específicos de cada mercado”, afirma.
Tanto no FIC de FIPs como no de FII, entram aspectos financeiros, societários e diversos outros que demandam conhecimento dos setores envolvidos. “Essas são as duas classes a que queremos dar mais atenção e maior controle. Além da capacitação técnica, elas exigem um monitoramento mais acirrado não só dos ativos que estão nas carteiras mas também do mercado”, diz a diretora.
Há também o fato de que e o foco dado pelo gestor interno, por mais que ele converse com o mercado, não é tão específico como o de um gestor externo, especializado. “Esse gestor conta com um banco de dados maior e uma estrutura mais prática, então ele dá maior agilidade ao processo de due diligence dos fundos que vão compor a carteira do FoF”, observa.
Hoje a fundação tem oito FIPs abertos e quatro FII. “A única desvantagem de ter um fundo consolidador é o custo adicional, mas a qualidade, a transparência e o monitoramento somam vantagens maiores do que a questão do custo”, afirma Nascimento.
Por Estruturas EFPCs (arquivo em pdf)