Edição 369
A Mirador, consultoria atuarial que iniciou suas atividades em 2002 na cidade de Porto Alegre (RS), está preocupada com os rumos da discussão sobre a solvência dos planos. O tema, colocado à mesa há pouco mais de um ano pela Previc por causa dos frequentes equacionamentos de déficits apresentados por planos de benefícios, foi reavivada recentemente com um novo foco, dessa vez pelo Ministério da Fazenda, que propôs a marcação a mercado do passivo dos planos.
“Se tudo for marcado a mercado a gente pode passar a ter muito mais volatilidade nos planos”, analisa o diretor executivo da Mirador, Giancarlo Germany. Segundo ele, a medida representaria uma alteração completa de toda a regra de solvência. Ele explica que os planos adotam um procedimento chamado de “ajuste de precificação”, que traz a valor presente quanto rendem, acima da meta atuarial, os títulos públicos marcados na curva. Para títulos que serão levados a vencimento, essa prática faz todo o sentido. Porém, ao marcar tudo a mercado, volatilidades conjunturais poderão levar planos bem equacionados a apresentar déficit.
“O Ministério da Fazenda está com uma visão só do lado do ativo. Mas a gente tem uma preocupação grande com a combinação do ativo e do passivo, assim como com o reflexo disso no resultado dos planos”, explica Germany.
Planos BD e CD – A Mirador possui hoje uma estrutura de cerca de 50 profissionais, incluindo atuários, estatísticos e profissionais de outras áreas como tecnologia, educação financeira e comunicação. Desse total, cerca de 30 profissionais estão ligados aos tradicionais planos de Benefício Definido (BD), que representam os passivos mais complexos, e os outros 20 atuam junto aos planos de Contribuição Definida (CD), cujos saldos de contas estão em reservas individuais.
Cerca de uma centena de planos de benefícios, de 60 fundos de pensão, fazem parte da carteira da consultoria, que além deles também atende seguradoras. Mas, segundo Germany, as EFPCs são os principais clientes. Ainda de acordo com ele, embora a empresa tenha começado suas atividades na capital gaúcha, com o passar do tempo foi expandindo suas atividades e passando a atender entidades de outras regiões, o que a levou a abrir escritórios regionais. Atualmente, apenas um terço dos profissionais da empresa estão em Porto Alegre, sendo que os outros dois terços estão espalhados pelos escritórios de São Paulo, Belo Horizonte e Nordeste.
Segundo Germany, que é vice-presidente do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA) e deve concorrer à presidência da entidade nas eleições do início do ano que vem, em chapa única ao que tudo indica até agora, a Mirador é uma empresa com forte atuação no fortalecimento institucional. Ele cita, além da sua própria atuação no IBA, também a do seu diretor de serviços atuariais, Fabrício Krapf Costa, junto ao Conselho Nacional de Atuária (CNA), e a do consultor sênior Paulo Josef, junto à PDSS, a área da Associação Internacional de Atuária que discute planos de benefício de seguridade social.
Segundo Germany, a consultoria também faz parte, desde março último, da Abelica Global, uma associação internacional de consultorias atuariais com 24 associados no mundo todo, incluindo empresas da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Canadá, da Itália e da Alemanha. “É uma associação que produz discussões técnicas e mantém debates permanentes durante o ano sobre as melhores práticas e as tendências que estão em alta no mercado internacional”, explica. “É uma forma de a gente estar inserido nas discussões do que está acontecendo fora do Brasil, com temas que trazemos para o dia a dia do nosso mercado e também dos nossos clientes”.