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Hedge ajuda a bater o CDI
Melhor Gestor de Ativos no Exterior • Daniel Celano

Edição 369

Celano,Daniel(Schroders) 24ago 01A incerteza sobre o nível do juro dos títulos do tesouro americano ainda paira sobre as projeções para investimentos no exterior, diante da forte volatilidade produzida pela leitura da economia nos EUA, explica Daniel Celano, country head da Schroders no Brasil. “Transitamos entre as perspectivas de soft landing, com desaceleração mas sem recessão na economia americana, e hard landing, com queda da inflação e recessãoâ€, diz.
Segundo o gestor, “o mercado precifica dois cortes do juro pelo Fed este ano, por conta do risco de recessão, mas se esse for o “motivo errado†provocaria efeitos negativos na economia, observa. “Então, tem sido um período de forte volatilidade.â€
No Brasil ele vê um cenário diferente e há uma série diversificada de problemas, incluindo a questão fiscal e as eleições, entre outros, mas o principal fator para as decisões dos investidores está mesmo no lado externo, com atenção à atuação do Federal Reserve para saber se haverá soft landing ou nãoâ€, diz.
Assim que houver uma alteração no juro pelo Fed, diz Celano, “o primeiro efeito será no câmbio, então o governo precisa achar o equilíbrio para esse indicador porque a balança comercial brasileira está forte e as reservas internacionais também e a inflação deve ficar dentro da bandaâ€, analisa. “Um câmbio exagerado não faria sentido, a não ser que aumente a aversão a risco.â€
Os fundos multimercados de investimento no exterior da asset que têm hedge cambial têm conseguido retornos acima do CDI porque buscam alpha sem comprar câmbio, explica Celano. O diferencial entre o juro local e o americano gera metade do CDI, mais o que render lá fora. “Para as fundações, há dois jogos no exterior, a depender dos objetivos desse investimento. O primeiro é a diversificação da carteira local, objetivo em que faz sentido deixar o câmbio solto, mantendo apenas algum hedge para reduzir a volatilidadeâ€, explica. A segunda possibilidade é usar os multimercados hedgeados para ganhar do CDI.

Tentação de curto prazo – Se o juro cair lá fora em cenário de soft landing, o mais provável na visão da Schroders, o juro no Brasil deveria começar a baixar novamente, para um patamar de 8% a 8,5%, o que ajudaria o ambiente de negócios.
Em relação ao investimento no exterior, Celano lembra que o ideal seria que os investidores institucionais brasileiros, em especial as fundações, vissem essa alternativa como estrutural, mas não é o que tem acontecido na prática. “Esse investidor viu o juro subir e colocou dinheiro no CDI, o que resultou em retorno menor do que teria obtido na bolsa lá fora, porque ainda há uma tentação muito forte de curto prazo entre as EFPC brasileirasâ€, afirma.
Uma mudança de perfil dessas alocações tem ocorrido desde meados de 2023, entretanto. “A renda variável continua a ser o carro-chefe no exterior, mas temos visto um crescimento relevante da parcela de renda fixa e crédito nos mandatos de investment solutions. Eles eram mais concentrados em multimercados (fundos all weather) e betas de renda variável, mas hoje estão com cerca de 30% em renda fixa/créditoâ€, afirma.
Com uma trajetória no mercado financeiro iniciada em 1998, Celano viveu ciclos econômicos diferentes em funções diversas. Atuou na seguradora Icatu e foi diretor do fundo de pensão da Icatu antes de chegar à Schroders, em 2008, como head de operações - Chief Operating Officer (COO), passando a integrar a diretoria estatutária da instituição em 2009.