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Migração de titulos públicos para risco terá que ser gradual, diz especialista

Adaptar as carteiras dos fundos de pensão, hoje fortemente concentrada em títulos públicos, para um desenho de maior participação da renda variável que entregue melhores resultados nesse cenário de juros reais próximos de zero, é o grande desafio dos gestores das fundações nos próximos anos. A pergunta é como fazer esta transição de forma gradual, homeopática, segura? Para Tiago Calçada,  líder da Mercer, o segredo está em manter um olhar atento sobre o passivo.

“Os planos de previdência têm que estar atento ao passivo, ao fluxo de pagamento. Olhar o passivo, entender se é de curto, médio ou longo prazo, se é de benefício definido ou contribuição definida. Só depois, após entender como está posicionada a carteira, fazer as mudanças”, diz Calçada, que participou na quinta-feira (17/10) de um painel no 40º Congresso da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), em São Paulo.

Para o executivo, está claro que há hoje uma tendência “muito latente de se buscar mais risco, isto porque a maior parte do estoque dos passivos dos fundos de pensão está precificado acima de 5% ao ano. E, como se sabe, o cenário que se desenha é que dificilmente teremos uma remuneração de títulos públicos daqui para frente com taxas reais de juros acima de 5%”.

“O remédio será, inevitavelmente, diversificar riscos olhando-se bolsa de valores, ativos no exterior, títulos privados e outros fundos com portfólios diversificados. Esta migração terá que ser feita de forma gradual”, afirma.

Ele acredita que serão necessários pelo menos cinco anos para reduzir significativamente a atual concentração em títulos públicos, hoje da ordem de 80% das carteiras das fundações. “Neste prazo poderíamos chegar a algo como 65% de ativos em títulos públicos e o restante em outros ativos de mais risco”, afirma.