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Previsc corta atuarial dos planos e reduz orçamento de risco

Esch Ricardo1Com uma rentabilidade positiva que projeta 6 % anualizado na média de seus 19 planos de benefícios, a Previsc – fundo de pensão multipatrocinado do sistema Fiesc, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - não deverá bater metas em todos os planos mas também não terá queda no patrimônio de nenhum. A perda nas cotas diárias dos planos chegou a 11,3% em meio à crise de março, melhorando em seguida graças em grande parte ao desempenho dos seus dois fundos exclusivos de crédito privado e aos investimentos no exterior. “O final de agosto e os meses de setembro e outubro foram ruins nos mercados mas em novembro tivemos rentabilidade espetacular, de 3,6%. Desse modo, não vamos bater metas em todos os planos mas todos eles deverão apresentar retorno positivoâ€, explica o diretor de Investimentos da entidade, Ricardo Esch.
Na política de investimentos para 2021, aprovada no dia 02 de dezembro, foram introduzidas medidas para aumentar a eficiência na definição e acompanhamento do risco de mercado, o que deve ajudar a enfrentar o cenário de alta volatilidade. A redução das taxas de juros atuariais dos planos, cuja média no consolidado dos investimentos foi ajustada de 5,07% para 4,88%, permitirá à entidade trabalhar com um orçamento de risco menor no próximo ano, pontua o diretor. A fatia de renda variável, que chegou a representar perto de 20% do patrimônio em 2020, recuou e projeta ficar em 17,1%. A renda fixa, que este ano precisou incluir mais liquidez/caixa, projeta representar 62,3% em 2021, abrangendo também investimentos em crédito privado e fundos de retorno absoluto.
“Acreditamos no risco para atingir maior rentabilidade, a renda variável é fundamental para isso e vamos manter a diversificação do leque de alocação, mas a redução na taxa atuarial será essencial para que possamos baixar o orçamento de risco frente à volatilidade trazida pela pandemiaâ€, diz Esch. Ele explica que, no processo para chegar à média de 4,88%, alguns planos derrubaram a taxa atuarial para o piso do túnel regulatório, enquanto alguns BDs, em processo de migração, mantiveram suas taxas até que esses processos sejam concluídos.

Diversificação - A Previsc mantém a tendência de diversificação na alocação e a entidade vai ampliar sua carteira de exterior, hoje focada apenas em renda variável e que representa 4,83% do patrimônio total, tendo sido responsável pela melhor rentabilidade no ano. A projeção é de elevar essa fatia para até 6,3% em 2021, com a inclusão de fundos que investirão em ativos de renda fixa. “Vamos começar os estudos no início do ano e aprovar a decisão de ir para a renda fixa global até junhoâ€, conta o diretor. Atualmente a fundação tem três gestores para exterior, que cuidam de dois fundos com gestão própria e um FoF.
A carteira de Fundos de Investimentos Imobiliários - FIIs-, criada em 2020, será mantida e os estruturados, assim como a renda variável, passarão por revisões de estratégias a partir de 2021. A projeções são de que os estruturados atinjam 3,8%, mesmo percentual projetado para os FIIs. “Temos uma carteira específica de estruturados, resultado de seleções anteriores, e queremos revisitar essas estratégias; já mudamos o benchmark dessa carteira, que era um percentual do CDI e passa agora a ser CDI maisâ€, informa Esch.
Outra mudança relevante, segundo o diretor, foi levantar a vedação para aplicar em Fundos de Investimentos em Participações, os FIPs. A política da entidade abrange quatro estratégias: para os planos BD, CD, CV e uma para o PGA. A decisão deste ano liberou tanto os planos BD quanto a parcela BD dos planos CV para alocar em FIPs, particularmente em fundos florestais, a partir do próximo anoâ€. Para os demais, a vedação continua.

INPC/IPCA - Entre as alterações, a Previsc decidiu também incluir uma previsão para a defasagem entre o INPC, que baliza todos os passivos dos planos, e o IPCA, utilizado como benchmark nos investimentos. “Nunca vimos um descasamento tão grande entre esses dois indexadores como aconteceu este ano, com o INPC acumulado até novembro em 3,93% e o IPCA em 3,13%, uma diferença de 0,8%; isso afetou os resultados e gerou déficits nos planos que adotam benchmarkâ€, explica Esch. Para evitar que o mesmo ocorra no próximo ano, foi acrescentada uma previsão de defasagem de 0,5% entre os dois indexadores na meta de investimentos. “Com isso, os investimentos no próximo ano terão que render IPCA mais uma defasagem de 0,5% em relação ao INPC e estamos sendo conservadores nessa previsãoâ€, afirma. Ainda que possa haver uma estabilização nos preços dos alimentos, principais responsáveis pela pressão sobre o INPC este ano, e os dois indicadores passem a convergir, a entidade optou por prevenir novos descasamentos. A projeção é de uma meta de investimentos de 9,08% a 9,10% ao ano em 2021.