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Tecnologia e rapidez são essenciais
Fundos de pensão demandam serviços de custódia estruturados em bases tecnológicas avançadas para suportar eficiência na tomada de decisões

Edição 366

Nascimento,Francis(Prevcom) 23jan 03De acordo com um modelo que reavalia os agentes custodiantes a cada vinte meses, a Prevcom acaba de encerrar o seu mais recente processo de seleção e decidiu manter o Itaú nesse papel, explica Francis Nascimento, diretora de investimentos da fundação. “A seleção e a reavaliação aqui seguem critérios e normas de contratação que procuram identificar a capacidade e a habilidade dos agentes, observando os volumes de custódia de terceiros registrados por essas instituições e a sua base de clientes entre as entidades fechadas de previdência complementar”, explica.
A seleção leva em conta os custodiantes que estão entre os dez maiores no ranking da Anbima, mas também sua relevância no atendimento às EFPCs, o que acaba restringindo o leque de possibilidades ao grupo dos maiores bancos, admite Nascimento. Comprovar a experiência na prestação desses serviços aos fundos de pensão é fundamental, o que indica o seu conhecimento das regras seguidas pelo sistema. “A expertise do custodiante junto às EFPCs é o fator que faz toda a diferença para nós no processo de seleção, assim como os critérios de idoneidade, tecnologia e inovação”, afirma a diretora.
“A tecnologia é uma variável de grande importância porque o acesso à custódia deve ser tão ágil quanto o de uma conta-corrente”, diz. Para isso, a estrutura tecnológica do custodiante precisa garantir acesso às informações de toda a carteira de forma rápida.
Outro critério utilizado para a seleção é o de que o volume de recursos da fundação que ficará custodiado não ultrapasse 2% do total sob custódia terceirizada na instituição. Há também a preocupação de avaliar como o banco trata a questão da Lei Geral de Proteção de Dados. “Fazemos o monitoramento constante do trabalho do custodiante e inclusive agora, no novo contrato feito com o banco, vem uma cláusula específica relativa à adequação dos serviços à Resolução CVM 175”, conta Nascimento.

Pré–compliance e agilidade - Na Fundação Libertas, que custodia seus investimentos no Bradesco, o modelo adotado é o de custódia centralizada. Segundo o diretor de investimentos e controladoria da entidade, Sérgio Maia Reis, esse modelo permite controles de liquidação financeira e guarda dos ativos mais fluidos, transparentes e eficazes. “Isso é importante sob a ótica da governança e da operacionalização dos processos, nos dá mais facilidade no acesso aos produtos de investimentos pelos planos de benefício administrados pela fundação e permite estabelecer um padrão operacional de controles e contabilização”, observa.
Ainda que cumpra seus objetivos básicos, a indústria de custódia no Brasil fica a dever em agilidade, avalia Reis, e ganhar processos mais velozes é a principal demanda em relação aos serviços prestados atualmente. Ele observa que os serviços prestados pelas instituições participantes dessa indústria cumprem o seu escopo e o dever fiduciário, mas de modo geral os processos precisam ter um pouco mais de agilidade. “Maior investimento em tecnologia, com sistemas mais automatizados e velocidade na análise das informações permitiria uma tomada de decisão mais rápida e estratégica”, acredita.
Além de investir mais na tecnologia das soluções que oferecem aos investidores, outro ponto em que os custodiantes deveriam concentrar sua atenção é a possível criação de um “pré-compliance”,sugere Reis. Essa etapa forneceria uma segurança adicional na realização das operações, em linha com o que estabelecem as legislações vigentes e as políticas de investimentos das entidades.
O serviço pré-compliance seria um trabalho de enquadramento prévio à liquidação da operação, levando em conta a legislação e a política de investimentos dos planos para garantir que haja conformidade na operação, com as vedações e os limites devidamente cumpridos. Esse serviço, avalia Reis, seria um diferencial relevante para garantir a segurança do cumprimento do dever fiduciário das entidades em relação às normas.

Esch,Ricardo(Previsc) 20maiAdequação à CVM 175 - Com sua custódia e administração fiduciária em modelo centralizado desde 2019, a Previsc contabiliza um ganho operacional significativo nesse período, avalia Ricardo Esch, diretor de investimentos. “Os dois tipos de serviços eram totalmente segregados mas a centralização trouxe uma economia grande que se reverte diretamente nas cotas”, explica.
A fundação, que tem o Bradesco como custodiante, mantém hoje 23 fundos de investimento – 12 exclusivos e 11 condominiais. A implementação do modelo de CNPJ por plano, avalia Esch, foi um momento importante para a evolução da custódia porque exigiu um desenho satisfatório que é capaz de acompanhar e controlar melhor as questões ligadas à legislação.
A partir do segundo semestre do ano passado, a entidade passou por outro processo que exigiu um esforço de adequação porque precisou segregar suas estratégias atreladas ao CDI daquelas que seguem o IPCA. “Até então os fundos com todos os tipos de estratégias tinham alocação associada à meta atuarial, mas depois passamos a abrir os perfis de investimento e a ter estratégias atreladas também ao CDI, onde ficam ancorados os perfis”, explica.
Ao longo do segundo semestre foram criados alguns fundos novos, com a cisão de fundos já existentes, uma nova estrutura que já nasceu totalmente baseada nas regras da Resolução CVM 175. “A cisão de um grande fundo de crédito levou à criação de duas estratégias ativas de renda fixa, uma em CDI+ e outra em IPCA+, numa segregação que tem funcionado bem”, afirma.
A mudança envolveu inúmeras nuances de adaptação em relação às regras da antiga Resolução CVM 555, e houve algumas dificuldades de entrega e morosidade no processo. “Mas entendemos que essas dificuldades são naturais diante de uma mudança tão expressiva, porque o processo todo é muito novo. Hoje já temos fundos totalmente adaptados e outros ainda em etapa de adequação à nova regulação”, analisa Esch.
No dia a dia, o atendimento da custódia tem funcionado de maneira bem alinhada entre as demandas da entidade e as respostas do custodiante, segundo o diretor. “Mas o que vejo no sistema é que falta uma concorrência de qualidade entre os prestadores desses serviços que os estimule a melhorar a qualidade e a baratear custos”, aponta.
Ele lembra que hoje são basicamente os grandes bancos que fazem a custódia. “Isso às vezes atrapalha, principalmente porque ficamos muito amarrados na parte dos relatórios e em alguns momentos é importante termos visões diferenciadas para gerir as carteiras”, diz Esch.
A tecnologia faz toda a diferença nesse sentido e é o principal ponto em que ele vê espaço para melhorias. Quanto aos custos, é difícil buscar uma redução. “Em 2019 conseguimos isso porque a centralização reduziu o nosso custeio à metade, mas agora é um pouco mais difícil ganhar nesse aspecto”, afirma.

Simino,Jorge(Funcesp) 19fev2Estabilidade - A custódia centralizada no mesmo prestador de serviços – Bradesco – há mais de dez anos traz à Vivest a vantagem de facilitar o conhecimento mútuo – das necessidades da entidade e do atendimento dessas demandas pelo banco –, diz Jorge Simino, diretor de investimentos.
Esse é um mercado de escala e no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países, são os grandes bancos que podem oferecer redução de custos. “Isso porque a escala vem primeiro dos ativos in house, o que permite às grandes instituições oferecer taxas mais baixas de administração”, avalia. Ele lembra que no exterior o cenário é diferente.
“Contratamos uma consultoria para levantar informações sobre o funcionamento dos passivos lá fora e tudo é muito segmentado, mas aqui em geral há maior centralização, até porque a maioria das assets é ligada a grandes bancos”, observa Simino.
A fundação tem conseguido preços razoáveis de seu custodiante, até porque é um cliente de grande porte. A qualidade dos serviços é acompanhada de perto por meio do back office da entidade, que “levanta a bandeira” quando surge alguma dificuldade. “Mas há um bom tempo não temos notícia de problemas”, afirma.

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