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Reag continua comprando
Com seis novas negociações em andamento, Mansur promete manter o ritmo de compras que surpreendeu o mercado nos últimos dois anos

Edição 361

O apetite da Reag Investimentos por novos negócios, que ajudou a alavancar seu volume de recursos sob gestão de R$ 10,4 bilhões em meados de 2018 para R$ 180 bilhões atualmente, tem surpreendido o mercado. Foram seis aquisições no ano passado e outras três neste ano, até agora, ligadas à área de crédito, seguros ou gestão de recursos, e novos negócios estão “em fase adiantada, perto de serem anunciados”, diz o CEO da gestora, João Carlos Mansur.
No ano passado a Reag comprou integral ou parcialmente a gestora de recursos Rapier, a administradora de Fidcs Finvest, a originadora de crédito Taormina, a operadora de crédito à condomínios Condocash, a operadora de crédito à microempreendedores CredBrasil e a empresa de desenvolvimento tecnológico StadiumGo. Neste ano, até o final de outubro, já tinha comprado a corretora de seguros Touareg, a fintech de crédito pessoal Bom prá Crédito e a empresa de welth management Quadrante, além de ter assinado parceria com o banco suiço EFG para oferecer investimentos no exterior aos seus clientes.
Segundo Mansur, outros seis negócios estão em fase adiantada de negociação, faltando apenas o acerto de alguns detalhes operacionais para serem finalizados e anunciados. Ele não adianta os nomes, mas envolvem duas gestoras focadas no segmento de crédito, duas gestoras do segmento de ações, uma gestora de private equity e outra gestora de patrimônio.
O pano de fundo dessas novas operações são as altas taxas de juros definidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nos últimos 24 meses, que deixaram o patamar de 2% ao ano em março de 2021 e alcançando 10,25% em março de 2022. Essa alta tem prejudicado algumas gestoras novatas, montadas na época dos juros baixos, que viram seus fundos de ações e multimercados perderem cotistas. “O fluxo de investimentos migrou para a renda fixa das grandes casas”, explica Mansur. “Muitas gestoras menores passaram a não gerar receitas sequer para cobrir as despesas. Temos recebido muitas propostas de assets querendo ser compradas”, explica.
Ele garante que a Reag tem apetite para compras. E também caixa, além de não temer perder o controle das operações com a ampliação do número de controladas ou investidas. Segundo Mansur, “quando você traz uma gestora que já está estabelecida, você traz também gente boa. Então, tem que confiar na equipe e fazer o grupo funcionar”, resume.
O modelo de negócios seguido por Mansur é o da gestora Vinci. “Ela é uma gestora completa, tem todo o leque de verticais, vai do imobiliário ao crédito, private equity, multimercados, ações etc. Além de ter as verticais, tem também responsáveis por cada uma e delega bem. É o que a gente está montando aqui dentro”, diz sem constrangimentos. “Se você me perguntasse o que eu queria ser quando crescesse, eu diria que queria ser como a Vinci”, brinca.
Além de ter um modelo de negócios com várias verticais, a Vinci tem outra característica que Mansur toma como benchmark. A capacidade de acessar o cliente institucional. Até agora a Reag não buscou esse público, os cheques para seus investimentos vieram principalmente dos family offices, mas isso começa a mudar. Com fundos cujo tamanho e track record já passam nos filtros dos institucionais, principalmente nos produtos distribuídos por Bradesco e BTG, a casa começa a olhar com atenção para esse segmento.
“O institucional é um público que todo gestor quer, pela estabilidade dos seus recursos, mas para pensar em acessar esse mercado você tem que ter antes volume, track record e histórico de equipe”, explica Mansur. Segundo ele, hoje a Reag possui essas qualificações e faz planos para acessar o segmento, mas exclusivamente através de produtos que tenham precificações em tela, dadas pelo mercado, como nos fundos de ações, multimercados e de renda fixa. “São produtos que funcionam muito bem para os institucionais”, afirma Mansur.
Outro ponto destacado pelo CEO da Reag em relação ao relacionamento com os clientes institucionais é que a nova Resolução CVM 175 tornará as operações mais fáceis, permitindo atender exigências específicas do segmento através de sub-classes de um mesmo fundo, sem precisar das estruturas de máster/feeders.
Levando em conta as alterações trazidas pela Resolução 175, além do volume de recursos sob gestão e do track record de seus fundos, a Reag estuda como dar um passo em direção ao público institucional. “A gente tinha que ter uma história, produtos, volumes, rentabilidades, equipes, antes de buscar o bolso do institucional”, diz. “Agora já temos, então fica sendo até natural um braço para atender esse tipo de segmento”.

Reag USA - A mais recente tacada do grupo foi o anúncio em outubro último do início das operações da Reag USA, montada em Miami, para dar uma exposição global ao grupo. A Reag USA atuará tanto com foco nos investidores externos com interesse em vir para o Brasil, através de uma vertical comandada por Luciana Soledad, quanto dos investidores brasileiros com interesse em participar do mercado global, através de outra vertical tocada por Marson Cunha e Telemaco Genovesi Jr, ambos brasileiros e residentes nos Estados Unidos há vários anos, o primeiro de forma contínua e o segundo de forma intermitente.
O acordo com o banco suiço EFG, que agora começa a fazer mais sentido dentro das operações do grupo, permitirá trazer via Reag USA novos produtos e classes de ativos globais para os investidores locais. Mas a Reag USA não se limitará a essa parceria internacional. “Estamos falando também com outros player globais, queremos que nossos clientes possam acessar diversos nomes e estratégias do mercado externo”, afirma Mansur.
Ele aposta no fortalecimento da economia brasileira para tornar o Brasil atrativo aos investidores norte-americanos e globais nos próximos anos, fortalecendo a área comandada por Soledad. “A Reag USA é uma via de mão dupla, que traz investimentos externos para o Brasil e ajuda o investidor local a acessar o exterior”, resume.
Portugal é outro destino que está no mapa da Reag. A casa mantém atualmente um braço em Lisboa, funcionando através de uma empresa parceira, mas como Mansur não pensa pequeno não é de se duvidar que em pouco tempo o grupo anuncie uma nova operação na capital portuguesa. “É natural né, tem muita gente do Brasil indo prá lá, então a gente vai onde vão os nossos clientes”, diz.

Portfólio - Nascida há 16 anos como uma consultoria imobiliária voltada ao segmento de family offices, a Reag começou aos poucos a perceber que os clientes queriam não apenas uma consultoria mas “alguém que resolvesse os problemas deles”, diz Mansur. E aos poucos o grupo começou a entrar em estruturação de Fundos Imobiliários (FII) e, em seguida, em outros fundos estruturados, como Fundos de Participações (FIP) e Fundos de Direitos Creditórios (Fidcs).
O portfólio da casa soma hoje entre 400 e 450 fundos, sendo a grande maioria de fundos estruturados. Dos R$ 180 bilhões sob gestão, apenas cerca de R$ 10 bilhões são de fundos líquidos, basicamente fundos de ações, multimercados e de crédito, sendo o restante de fundos ilíquidos, como FIIs, FIPs e Fidcs. A gestora também está se preparando para lançar seu primeiro Fundos do Agronegócio (Fiagro).
Atualmente o grupo conta com cerca de 450 funcionários para fazer a gestão de R$ 180 milhões e a administração de R$ 190 milhões. O número de funcionários era de 270 em março deste ano e 120 em março do ano passado, lembra Mansur.
A velocidade de crescimento tem exigido o aumento contínuo de espaço físico. Há três anos a empresa operava com apenas uma laje num prédio da Faria Lima, região do mercado financeiro paulista. Hoje são cinco andares dedicados às operações do grupo. Além do escritório da Faria Lima em São Paulo, a empresa conta com escritórios no Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Porto Alegre e Cuiabá.

Revee vai erguer arena em Araraquara
Depois de ter ajudado a estruturar o Allianz Parque, a arena do time paulista Palmeiras, João Carlos Mansur dá novos passos nessa área e parte para a estruturação de uma nova arena futebolística, dessa vez na cidade de Araraquara (SP). O estádio da Fonte Luminosa, um dos maiores do interior paulista, vai sofrer uma profunda transformação para tornar-se multiuso e receber, assim como aconteceu com o estádio do Palmeiras, além de jogos de futebol também grandes shows e eventos culturais.
A empresa por trás dessa transformação é a Revee, nome derivado de Real Estate Entertainment, que ganhou a concessão do estádio por 35 anos. Mansur é um dos principais acionistas dessa empresa, que pretende buscar novas oportunidades na área de Entertainment. A operação da Revee é um investimento direto de Mansur, totalmente apartada da Reag, esclarece a assessoria da Reag.
A participação de Mansur na construção do Allianz Park é conhecida. Em 2012, conversando com um assessor do então diretor de planejamento do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, Mansur tomou conhecimento das agruras financeiras do time. Pediu um encontro com Belluzzo, a quem propôs a construção de um estádio multiuso, que serviria tanto para jogos de futebol quanto para shows e outros eventos culturais. Segundo Mansur, a renda desse estádio multiuso resolveria os problemas financeiros do time.
Belluzzo gostou da proposta e defendeu-a junto à diretoria da agremiação, que aprovou-a. Assim, o Palmeiras licitou o antigo estádio Palestra Itália, cuja concessão foi ganha pela construtora W.Torre, que construiu a primeira arena esportiva e cultural.