Mainnav

Hyperion foca em reestruturações
Controlada pela MGC Holding, nova asset buscará soluções de mercado para a reestruturação de dívidas de empresas, em recuperação judicial ou não

Edição 365

Martins,Eduardo(MGC) 24abr 03A MGC Holding, especializada na área de recuperação de crédito, recebeu há dois meses autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar uma asset com o nome de Hyperion focada especificamente em empresas que buscam soluções de mercado para projetos de reestruturação de dívidas, dentro ou fora de processos de recuperação judicial (RJ). “Nosso foco é atuar nas reestruturações de empresas em dificuldades de forma a trazer soluções de mercado que atendam os interesses dos acionistas e dos credores”, afirma o CEO da MGC, Eduardo Martins.
Segundo ele, a MGC tem experiência nessa área. Ela participou ativamente do processo de reestruturação da Restoque, grupo varejista que entrou em RJ após ver as vendas de suas marcas (Le Lis Blanc, Dudalina, Rosa Chá, John John, Bo.Bô, Estoque e Individual) desabarem durante a pandemia da Covid 19, em 2020. Com dívidas acumuladas de R$ 1,6 bilhão, a Restoque passou por um processo de reestruturação de dívidas comandado pela gestora WNT, que endereçou as dívidas para um fundo do qual os credores tornaram-se cotistas com direito a opinar na gestão da companhia.
O processo de recuperação da Restoque, que mudou de nome para Veste, foi um sucesso. Após fechar várias lojas das marcas entre 2021 e 2022, a companhia encerrou o ano de 2023 com uma receita líquida de R$ 1,1 bilhão e um lucro líquido de R$ 22,7 milhões. Na trilha da Restoque, que virou benchmark, outros grupos também estão buscando soluções semelhantes, como a empresa de refrigeração Metalfrio, a de engenharia João Fortes e a própria varejista Americanas, entre outras.
O objetivo da Hyperion é também oferecer esse tipo de soluções, conta Martins. Como lastro, ele apresenta a própria MGC, que opera na área de recuperação de crédito desde 2015 e que conta atualmente com três fundos de direitos creditórios (Fidc), sendo dois não padronizados (Fidcs NP), com R$ 37 bilhões sob gestão e 39 milhões de CPFs, e um terceiro voltado ao segmento empresarial, de R$ 3 bilhões, que compra crédito nos grandes processos de RJ para participar de suas reestruturações. Além disso, a holding tem três fundos de participações (FIP) que abrigam ativos recebidos nos processos de recuperação de crédito, principalmente imobiliários.
“Antigamente, a restruturação de dívidas era vista apenas pelo viés do banco, o cara reestruturava, alongava e esperava poder pagar. Só que agora existem outras soluções que podem envolver emissão de debêntures de diversos tipos, conversão de dívidas em capital, agrupamento de ações em processos de controle com objetivo de fazer follow on e negociação com grupos de investidores específicos”, diz Martins.
Segundo ele, a demanda das empresas por essas reestruturações de dívidas baseadas em soluções de mercado é grande. Ele conta que a Hyperion já nasce mandatada com sete processos desse tipo, vindos de empresas de vários setores, cujos ativos somados alcançam cerca de R$ 1,5 bilhão.

Mandato nordestino - Um dos mandatos da Hyperion, que já está pronto para vir à mercado, envolve um grupo varejista do Nordeste cujo nome Martins prefere manter reservado. O grupo é dono de uma rede de lojas físicas, localizadas em várias capitais nordestinas, que serão colocadas debaixo de um FIP para entrar como garantia no processo de reestruturação das dívidas. As cotas desse FIP serão entregues aos credores em garantia das dívidas, com a opção de mantê-las como garantia ou assumi-las em definitivo como liquidação do passivo. Nesse último caso, embora a reestruturação das dívidas venha através de um FIP, esse poderá derivar, numa segunda etapa, para uma estrutura de fundo imobiliário.
Segundo Martins, a busca por reestruturações de dívidas envolvem empresas que podem já estar em processo de RJ quanto aquelas que ainda não chegaram a essa situação. Cerca de 60% estão no primeiro caso, geralmente envolvendo grupos de maior porte, mas existem outros 40% formados por empresas médias que preferem buscar uma solução de mercado antes da situação chegar à RJ. É o caso da rede varejista do Nordeste que mandatou a Hyperion.
“São empresas que entendem que o fato de você isolar um ativo dentro de uma estrutura regulada, como um fundo por exemplo, pode dar mais apetite aos credores ou aos investidores interessados em aportar dinheiro e auxiliar no processo de solução da dívida”, conta Martins. “Entre as atribuições da gestora está a de fazer as negociações, o acompanhamento e a divulgação da operação junto aos interessados”, explica o CEO da MGC.