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Adequação à 175 é crucial
Investimentos de institucionais em fundos alternativos dependem da adequação da Resolução 4.994 às novas regras da CVM 175

Edição 365

Cutolo,Sergio(BTGPactual) 23ago 02A indústria de fundos de investimento e os investidores institucionais, notadamente os fundos de pensão, aguardam uma discussão específica sobre a regulação dos fundos alternativos. Segundo o sócio da BTG Pactual Asset Management e também vice-presidente da Anbima, Sérgio Cutolo, essa discussão acontece hoje no contexto da adequação das regras de investimento dos fundos de pensão, contidas na Resolução CMN 4.994, ao regramento que regula o funcionamento de todos os fundos de investimento, a Resolução CVM 175.
“Temos discutido com a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) e com a Abrapp a questão dos fundos alternativos, em especial sobre os Fundos de Investimento em Participações (FIPs), mas ainda falta clareza do assunto. Isso porque o assunto depende também da área econômica do Governo e do Conselho Monetário Nacional (CMN)”, observa Cutolo.
Segundo ele, o principal objetivo é resolver “problemas do passado” em relação aos FIPs e aos investidores que sofreram o impacto de perdas expressivas nesse tipo de fundo. “A nova regulação para os alternativos deve dar uma resposta a isso e atacar os aspectos que levaram aos problemas. Na verdade, será uma resposta para a atuação dos órgãos de controle, ao mesmo tempo em que a Previc faz a adequação à CVM 175”, diz Cutolo.
Até agora, segundo ele, a Previc aprofundou a intenção de garantir maior segurança e transparência ao investidor, em linha com o que fez a CVM. Os normativos deverão abordar, entre outros tópicos, o percentual máximo de cotas que poderá ficar nas mãos de um único cotista. Outra preocupação é com os fundos monoativos, que geraram uma série de problemas com FIPs no passado.
O assunto ganha tração neste momento porque há interesse em resolver o problema dos investimentos de longo prazo e o FIP é compatível com essa necessidade das fundações. “Ao olhar para a experiência dos fundos de pensão nos EUA, por exemplo, vemos que a participação deles em FIPs é muito superior à dos fundos de pensão brasileiros. Lá, fundos de pensão e endowments têm em média 26% de seu patrimônio em private equity, percentual que no Brasil não chega a 2%”.
Na BTG Pactual Asset, os FIPs têm prazos de oito a dez anos e integram, junto com os demais alternativos (FIDCs e FIIs), o alvo prioritário da casa este ano. O tema da infraestrutura é um dos mais fortes nesse mercado e o olhar de longo prazo se mantém cada vez mais relevante, explica Cutolo. A casa tem R$ 36 bilhões sob gestão em capital privado e investimentos em mais de 50 companhias.

Curva J - Como exemplo, ele observa a recente captação do fundo Infra III, que já atingiu perto de R$ 2 bilhões, e só foi iniciada dez anos depois do fundo similar anterior, o Infra II. A curva J é mais reduzida do que a da média do mercado porque já há um investimento a ser feito uma vez que a gestora ganhou dois leilões de linhas de transmissão e inicia agora a sua construção.
Mais de 80% dos investidores que estão para entrar nesse fundo foram também investidores de outros fundos desse tipo, que investem na “economia real. “Eles ganharam dinheiro com esses fundos e gostaram do formato”, diz. A carteira tem um número restrito de ativos - entre quatro e cinco no máximo - e um dos trunfos da gestão é ter os integrantes do time em atuação “no campo”, de modo muito próximo à vida real da construção de projetos.
O momento é interessante para esse tipo de fundo porque o custo do capital ainda é elevado e é possível obter boas oportunidades. “Alguns fundos de pensão já são fidelizados na classe de FIPs, mas no geral esses investidores ficaram fora desse movimento até agora e tem voltado mais forte para os fundos de investimento imobiliário, principalmente em FIIs de logística”, diz. Os RPPS, por sua vez, estão mais presentes em FIPs de infra e de private equity.