Estudo realizado pela provedora de dados Pebay (Private Equity Bay), cuja base de dados é formada por 1.500 fundos de private equity e venture capital (PE/VC) lançados no Brasil desde 1995, compara a rentabilidade de 168 PE/VC investidos por institucionais (fundos de pensão + RPPS) entre 2002 e 2021 com outros PE/VC que não tiveram aportes de institucionais. Os fundos com aportes de institucionais tiveram resultados piores que os não institucionais até 2013, inclusive amargando cinco anos de rentabilidade negativa (ver tabela), mas a partir de 2014 passaram a ter um desempenho superior ao dos não institucionais.
Ao mesmo tempo, as alocações dos institucionais em PE/VC caíram drasticamente ao longo dos anos. De 2002 a 2010 a participação dos institucionais representou, em média, 39,3% do valor captado pelos PE/VC nas safras desses anos. Entre os anos 2011 a 2018 a participação média dos institucionais no valor captado caiu para 18,8% e entre 2019 e 2023 caiu para meros 3,8%. No último ano do estudo, 2023, a participação dos institucionais nas captações de PE/VC foi de apenas 2% (ver tabela).
“Os fundos de pensão se assustaram com os resultados ruins da primeira década, com investigações públicas buscando responsabilizar as perdas ocorridas, e tem também a questão econômica, do aumento de juros, que tornou confortável o investimento em NTN-B. Há fundos que proibiram investimentos em private equity em suas políticas. É uma pena que tenham jogado fora todo o aprendizado dos primeiros anos e saído quase que 100% deste mercado”, analisa fundador e CEO da Pebay, Leonardo Ribeiro.
Segundo ele, os institucionais estão deixando de lado esses importantes veículos de diversificação das carteiras, seduzidos pela rentabilidade das altas taxa pelas NTN-Bs. “Hoje, temos gestores mais experientes, capazes de conseguir bons resultados. É um mercado que cresceu, alguns gestores desapareceram, outros vieram”, explica Ribeiro.
“A taxa de juros mais alta não deveria ser um freio para investimentos em PE/VC, especialmente para os institucionais que podem fazer alocações de longo prazo em investimentos ilíquidos. Trata-se de um elemento para diversificação das carteiras, e é isso que as entidades vêm tendo dificuldade para entender”, argumentou.
Ele conta que a Pebay faz hoje uma cobertura de mais de R$700 bilhões de ativos gerido por PE/VC. “Estou no mercado desde 2002 e, na época, não tínhamos a possibilidade de contar com as informações que temos hoje. Os investimentos eram feitos mais na base da fé do que da ciência”, afirma.
O estudo da Pebay analisa a rentabilidade dos PE/VC apenas até o ano de 2021, incluindo apenas fundos já fechados, que possibilitam o cálculo do retorno anual. Já em termos de participação dos institucionais na captação de recursos dos fundos, a análise vai até 2023.