O presidente Luis Inácio Lula da Silva indicou na última sexta-feira (2/5) o nome de Wolney Queiroz para ocupar o cargo de ministro da Previdência Social, em substituição à Carlos Lupi que havia renunciado hora antes. A renúncia de Lupi é consequência de pressões polÃticas advindas da descoberta de um esquema bilionário de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). É a 11ª troca de ministros no governo Lula.
O esquema fraudulento foi descoberto pela Controladoria Geral da União (CGU) e PolÃcia Federal. Batizada de Operação Sem Descontos, a investigação mostrou que cerca de 30 sindicatos e associações forjavam filiações de aposentados e pensionistas aos seus quadros e a partir dai conseguiam receber mensalidades descontadas ilegalmente das folhas de pagamentos do INSS. Entre os anos de 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões teriam sido descontados dos aposentados e pensionistas filiados à esses sindicatos e associações, embora ainda não se saiba exatamente quanto desse total seriam descontos ilegais.
Pressionado pela repercussão polÃtica do escândalo, Lupi optou por renunciar, embora em nenhum momento seu nome tenha sido relacionado diretamente a qualquer irregularidade. Seu sucessor, Wolney Queiroz, ocupava desde janeiro de 2023 o cargo de secretário-executivo do Ministério da Previdência, tendo tomado posse junto com Lupi no inÃcio do governo Lula. Ex-deputado federal por Pernambuco, Queiroz exerceu entre 1995 e 2023 seis mandatos parlamentares, sempre eleito pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), ao qual é filiado desde 1992.
Demissões - A operação desvendada pela CGU e PolÃcia Federal resultou na demissão imediata de vários servidores do quadro do INSS, a começar pelo seu presidente, Alessandro Stefanutto, afastado por decisão da Justiça Federal em 23 de abril. Além dele, também foram demitidos no mesmo dia o procurador-geral VirgÃlio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, o coordenador de atendimento Giovani Batista Fassarella Spiecker, o diretor de benefÃcios Vanderlei Barbosa dos Santos, e o coordenador de pagamentos Jacimar Fonseca da Silva.
´Nas redes sociais o ex-ministro Lupi declarou que renunciava “com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possÃveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o inÃcio, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula".
Guerra de narrativas - Na guerra de narrativas, autoridades do governo petista enfatizam que o esquema teve inÃcio em anos anteriores ao mandato de Lula (2023/2026) e argumentam que apenas no atual governo o esquema foi investigado e interrompido.
Já os partidos de oposição, encabeçados pelos parlamentares bolsonaristas, tentam apagar os quatro anos em que o esquema funcionou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os bolsonaristas pressionam pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema.