Mainnav

Flory deixa SP-Prevcom e vai montar FII do tipo "senior's house"

Carlos FlorySP PrevcomApós mais de 30 anos participando do sistema de previdência complementar fechada o presidente da SP-Prevcom, Carlos Flory, está deixando a entidade. Ele deixa de fazer parte dos quadros da fundação em 1º de fevereiro próximo, quando abraça um novo projeto na iniciativa privada, de criar um fundo imobiliário para tocar um condomínio voltado à pessoas de mais de 50 anos, dentro do conceito “Fifty and Better”.
Ele não esconde certa mágoa com a forma pela qual se deu seu desligamento da entidade, mas diz preferir não fazer comentários a respeito. Nos bastidores, porém, divergências com a atual presidente do Conselho Deliberativo, Marina Brito Battilani, são apontadas como cruciais no processo que resultou em sua saída.
Flory começou sua trajetória na previdência fechada em 1989, quando assumiu o comando da PreviSiemens, após ter acumulado por alguns anos a área financeira da patrocinadora com a gestão do fundo de pensão. Em 1989 ele passou a dedicar-se exclusivamente à fundação, onde ocupou por 10 anos sua presidência, aposentando-se em 1999.
A seguir foi indicado para comandar a Petros, o fundo de pensão da Petrobras, no segundo mandato da presidência de Fernando Henrique Cardoso. Ficou lá por 4 anos e saiu quando o PT ganhou as eleições de 2002, vindo então para São Paulo onde assumiu a superintendência do Iprem, o regime próprio da cidade de São Paulo, na época governada pelo tucano José Serra.
O prefeito tucano havia assinado, antes das eleições que o elegeram, documento público comprometendo-se a governar a cidade de São Paulo pelos quatro anos seguintes após a posse, mas renunciou menos de dois anos depois para disputar o governo estadual, que ganhou ao final de 2006. Flory, depois de dois anos no Iprem, é indicado por Serra para o Ipesp, o regime próprio do estado que abrigava, além dos funcionários públicos paulistas, também outras categorias como advogados, cartorários, etc.
Sua missão no Ipesp seria ajudar a criar a SP-Prev, dedicada exclusivamente às pensões dos funcionários públicos e sem a presença de outras categorias profissionais. Ele acumulou por alguns anos o comando das duas casas, até a extinção da primeira. “Era um marajá ao contrário, tinha dois empregos e só um salário”, brinca.
No final de 2011 a assembleia legislativa de São Paulo cria o primeiro fundo de pensão de um ente público, a SP-Prevcom, e Flory é convidado para dirigi-lo a partir de 2012. Hoje a SP-Prevcom que ele deixa tem patrimônio líquido de R$ 3,12 bilhões, quase 49 mil participantes, e faz a gestão de planos de previdência complementar de 22 municípios e cinco estados. “Mas, por várias circunstâncias, não estou mais à vontade nesse cargo”, afirma ele sem entrar em detalhes.

Fifty and Better - Flory agora quer mudar o foco de suas atividades, passando a empreender na iniciativa privada. Baseado em vários projetos de "senior's house" que viu em suas viagens à Flórida, que usam o conceito “Fifty and Better”, ele quer montar algo semelhante aqui no Brasil para pessoas de classe média de mais de cinquenta anos de idade. São condomínios com casas para uma ou duas pessoas, de até 100 metros quadrados cada, num espaço dotado de toda infraestrutrura médica, de hotelaria e de entretenimento. Isso inclui um lago no centro e ao redor cinema, teatro, área de esporte, além de uma rede de assistência médica e hoteleira.
Segundo Flory, a idéia inicial é que o condomínio tenha cerca de 500 casas, podendo abrigar até 1.000 pessoas. Ele não revela o local, mas diz que antes da pandemia chegou a iniciar contatos para um projeto semelhante a ser construído na cidade de Itú (SP), que foi abandonado por causa da chegada do coronavirus. Anteriormente, já havia abandonado outro projeto semelhante por causa do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, que criou um clima de instabilidade no País e o obrigou a abortar o primeiro plano. Agora, ele acha que vai.
Segundo ele, os cotistas do FII teriam direito uma fração do empreendimento, onde cada cota equivaleria a uma casa, que tanto poderia ser usada para moradia própria quanto para alugar. “Transformar as cotas em casas ajuda a melhorar a liquidez do fundo, além de evitar problemas de herança, como inventários longos durante os quais as casas vão se deteriorando”, argumenta.
Segundo ele, nas últimas semanas tem conversado com parceiros nas áreas que são chaves para o sucesso do projeto, como empresas das áreas médica, de hotelaria e de entretenimento. "Também estamos falando com empresas da área imobiliária”, adianta. “Talvez no início a gente comece com um projeto menor, isso é possível, depende dos parceiros”.