A temática ESG (de ambiental, social e governança, na sigla em inglês), um dos selos mais valorizados atualmente, não deve ser suficiente para orientar os investimentos de fundos de pensão, segundo a head de impacto Latam da Lightrock, Tatiana Sasson. Para a especialista, é preciso que as entidades pensem além das aplicações em empresas que prezam pela consciência ambiental, social e de governança.
“ESG é o elementar, mas investimentos de impacto são diferentes, vão além e precisam ser o foco. Este tipo de investimento tem crescido cada vez mais”, declarou Sasson nesta quinta-feira (27/6), em palestra durante o 13º Seminário de Gestão de Investimentos nas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), organizado pela Abrapp.
Ex- McKinsey, Sasson foi contratada pela Lightrock em fevereiro último. Ela vai coordenar as operações latinoamericanas da gestora inglesa de private equity, focada em investimentos de impacto, que chegou ao Brasil em 2017. Desde então tem feito várias apostas certeiras, participando atualmente do capital de empresas como Creditas, Frete.com, Dock e Dr.Consulta, entre outras. Segundo a Anbima, a gestora possui atualmente R$ 1,91 bilhão em ativos sob gestão no Brasil.
Segundo Sasson, o investimento de impacto tem uma grande diferença em relação ao ESG. Enquanto o ESG propõe como uma empresa deve realizar sua atividade, com foco nos três tópicos que compõem a sigla, o investimento de impacto trata do negócio em si, ou seja: se o produto ou serviço oferecido pela companhia tem impacto positivo no mundo. “Os critérios de ESG estão mais maduros, o greenwashing acontece cada vez menos. Mas precisamos ver se a empresa traz benefício social e ambiental com intenção, se é capaz de mensurar esse benefício e se há retorno financeiro. Essa é a estrutura de um investimento de impacto”, afirmou.
O painel da Abrapp sobre investimentos ESG contou com a participação da coordenadora de responsabilidade socioambiental da Fundação Real Grandeza, Raquel Castelpoggi, que também coordena o Comitê de Sustentabilidade da Abrapp. Segundo ela, embora haja necessidade de se olhar para além do ESG, as questões ambientais ainda devem ser levadas em conta nas opções de investimentos das entidades.
“É muito importante a gente avaliar os riscos dos nossos investimentos”, lembrou Castelpoggi. “Um dos mais significativos, hoje, é em relação às mudanças climáticas. A crise climática causa tanto prejuízo quanto uma guerra perene e contínua. Mas não se trata de investir em ESG, é muito mais amplo do que isso”, avaliou.