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Minardi é reconduzido para novo mandato de dois anos na Abvcap

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A Abvcap, associação que representa os gestores de private equity e venture capital, reconduziu o atual presidente, Piero Minardi, para um novo mandato de dois anos. O primeiro mandato de Minardi, que deveria ter acabado no ano passado mas foi estendido em mais um ano devido ao surgimento da Covid-19, acabou durando excepcionalmente três anos. Junto com ele assumem os vice-presidentes Francisco Sanches Neto, da Lions Trust, e Anderson Tees, da Redpoint Eventures.
Minardi, que é executivo da Warburg Pincus, resume em três pontos as prioridades do seu novo mandato. O primeiro é dar sequência às discussões com a Receita Federal, que tomaram grande parte do seu tempo no primeiro mandato, sobre a tributação de ganhos dos investidores estrangeiros em fundos de participações (FIPs). Apesar da legislação isentar de tributação desses cotistas, desde que tenham menos de 40% do fundo e não estejam localizados em paraísos fiscais, a Receita alegava que o direito à isenção valia apenas para os usuários finais, ou seja aqueles que se encontravam na ponta final de algumas estruturas de investimento. Com isso pretendia evitar que brasileiros que investissem anonimamente através dessas estruturas fossem indevidamente beneficiados, provocando uma queda de braços com a Abvcap que alegava que nem sempre é possível abrir essas estruturas para conhecer os usuários finais.
Não foi um embate simples, mas segundo Minardi a questão está pacificada na questão do cotista final. Restam discutir alguns detalhes sobre a definição do investidor estrangeiro, mas que não tomarão neste mandato o mesmo tempo que tomaram no primeiro.

Previc e TCU - A segunda prioridade também envolve interlocução com órgãos públicos de Brasília, uma vez que Previc e TCU, nas palavras de Minardi, estão “tendo uma mão muito pesada e descalibrada” sobre os fundos de pensão que investem em fundos de private equity e venture capital. “São feitos questionamentos sobre investimentos que tiveram prejuízos, as vezes sobre a venda de um ativo do fundo, mostrando que não há um entendimento muito claro por parte desses órgãos em relação ao funcionamento desse tipo de fundo”, diz. “Isso está afastando os fundos de pensão e os RPPSs desses veículos”.
Ele ressalta que esses questionamentos da Previc e TCU referem-se a investimentos atuais e não àqueles que no passado foram envolvidos em operações como Lava Jato e Greenfield. “São investimentos recentes, os questionamentos são feitos por quem não tem familiaridade com o que é esse tipo de indústria lá fora”, diz. “Em private equity, sempre alguns investimentos vão ganhar dinheiro e outros vão perder, isso é do jogo, não dá para multar por causa disso”.
Segundo ele, isso está ocorrendo justamente num momento em que as fundações vêm as taxas de juros atingirem mínimas históricas, quando deveriam estar investindo pelo menos 5% das suas carteiras nessa classe de ativos para ajudar a atingir suas metas atuariais. Além disso, segundo o presidente da entidade, hoje o mercado brasileiro conta com uma safra de gestores de private equity e venture capital que está entregando resultados muito bons. “Mas esses bons resultados estão sendo apropriados por investidores gringos, ao invés de estarem indo para os institucionais brasileiros”, diz.

Venture capital - A terceira prioridade de Minardi nesse segundo mandato é dar maior relevo ao segmento de venture capital, que até o momento não tem tido o espaço devido na entidade. Nessa diretoria, um dos dois vice-presidentes, Anderson Tees, pertence a uma empresa de venture capital, a Redpoint. “Estamos inclusive atrasados com relação a isso, o venture capital já era para estar mais representado na nossa entidade há mais tempo”, diz. “Embora o private equity e o venture capital tenham uma pauta comum, tem algumas pautas que são específicas do venture capital e o Anderson vai liderar isso”.
Minardi conta que no ano passado o segmento de venture capital fez mais investimentos, em valores absolutos, do que o private equity, sendo a primeira vez na história do setor que isso acontece. “Isso não é normal, porque os cheques de private equity geralmente são maiores, acho que no ano passado a pandemia mudou um pouco a lógica”, finaliza.