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Kawa vai lançar fundo com terrenos alugados por 100 anos nos EUA

Daniel Ades KawaA Kawa Capital, criada há 15 anos por brasileiros estabelecidos nos Estados Unidos, dá os retoques finais aos produtos que deverá colocar na plataforma do BTG Pactual nos próximas semanas. A gestora americana concluiu na semana passada o regulatório da venda de uma participação ao banco de André Esteves, operação que foi anunciada há um ano e que durante esse período de 12 meses esteve submetida ao crivo do Banco Central e de outros órgãos de fiscalização dos governos brasileiro e americano. O sócio-diretor e chefe de investimentos da Kawa, Daniel Ades, não revela o percentual nem o valor da venda, mas garante que é “uma parcela pequena”.
Através dessa participação a Kawa ganha acesso ao mercado brasileiro, que Ades considera “não ter opções de investimento suficientes para criar para o investidor local uma carteira de investimentos sofisticada”. De acordo com ele, “no Brasil, quando vem uma crise tudo cai junto, e quando as coisas vão bem tudo sobe junto”.
Um dos produtos que a gestora pretende lançar no Brasil, no prazo de dois a três meses, é um fundo de aluguel imobiliário, algo não existente no mercado local, que nos EUA tem o nome de “ground leases”. São grandes terrenos alugados à uma incorporadora, com contratos de longuíssimo prazo (100 anos), que neles constrói prédios de aluguél residencial, comercial ou varejo. Os valores dos aluguéis do terreno são necessariamente baixos, considerando que o proprietário do mesmo não terá vacância do imóvel por toda o período contratado.
O que o fundo de aluguel imobiliário da Kawa vai incorporar são contratos desse tipo, entre cinco e dez “ground leases”. Segundo Ades, eles serão comprados a Cap Rate (retorno anual dos aluguéis) de 4% a 4,5% e, após listagem pública ou securitização, gerariam Taxa Interna de Retorno (TIR) de 12%, em dólar. “É uma classe de produtos comprada por fundos de pensão americanos, é mais perto de um bond indexado à inflação do que de um investimento imobiliário”, diz Ades. O fundo será fechado, com cinco anos de duração.
Do valor total do fundo, de cerca de US$ 150 milhões (dos quais US$ 85 milhões já estão compromissados com investidores americanos), apenas US$ 10 milhões serão oferecidos pelo BTG Pactual a investidores brasileiros através de um fundo local. O fundo local será em reais, com apenas uma pontinha de proteção cambial. “Queremos ter uma proteção pequena em real, se o dólar for para R$ 4,5 no final do ano não tem problema, mas se for para R$ 3 a gente quer participar um pouco”, explica Ades. “Serão 95% investidos no fundo e talvez uns 5% em proteção”.
Não é o primeiro produto com contratos “ground leases" no portfólio da gestora. “Já temos US$ 800 milhões nessa classe de ativos no mercado americano”, explica Ades. “Esse é um mercado de cerca de US$ 10 bilhões nos Estados Unidos”.
A Kawa tem também uma área de hedge funds, com cerca de US$ 1 bilhão captados no mercado americano. Nas próximas semanas a plataforma do BTG deve passar a oferecer acesso a um hedge funds da Kawa, também através de um fundo local.
De acordo com Ades, o aporte feito pelo BTG servirá para acelerar o crescimento da gestora nos Estados Unidos e também permitirá oferecer mais oportunidades a investidores brasileiros interessados em ter exposição a ativos no exterior. “O objetivo da parceria é viabilizar investimentos de alta qualidade no exterior à base crescente de clientes do BTG”, diz o executivo.