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RPS Capital adota estratégia heterodoxa para montar portfólio

Paolo Di SoraRPSCom R$ 3 bilhões em ativos sob gestão e uma equipe de 30 profissionais, 19 dos quais voltados apenas à atividade de gestão, a asset independente RPS Capital adota uma estratégia “heterodoxa” para a montagem de seu portfólio. Especializada em fundos multi-gestão macro, com viés em renda variável, a casa mescla diversas "caixas" do lado macro às vertentes fundamentalistas que usa para analisar empresas do Brasil e exterior, resultando num modelo quantitativo que gera um "quebra cabeças" descorrelacionado da média da indústria de multimercados. "Fizemos do equity o nosso carro-chefe, mas utilizamos vários prismas para obter a performance", diz o fundador e CIO da gestora, Paolo Di Sora.
Esse modelo de gestão, segundo Di Sora, resulta num portfólio sem correlação direta com o crescimento da economia, mostrando-se vantajoso no atual ambiente de incertezas locais e globais. A casa ajustou suas carteiras nos últimos meses e a parte de equities global está concentrada em ações de empresas que crescem independente do comportamento do PIB, nos setores de tecnologia e consumo, como Nike, Visa e Starbucks, entre outras. “Seguimos otimistas com o mundo para os próximos seis a doze meses porque o juro real continua muito baixo, mas há sinais de desaceleração na margem por toda parte, a começar por EUA e China”, analisa Di Sora. Diante disso, segundo ele, foi preciso subir a barra de qualidade da carteira porque a visão geral agora é de que há mais chance de decepção, embora ainda haja boas oportunidades.
No front doméstico a carteira tem basicamente commodities. “A inflação já contaminou todas as expectativas de curto, médio e longo prazos e estamos no meio de um choque de juros. Temos o problema fiscal, que é crônico no Brasil, e uma novidade, a crise hídrica que está sendo pouco considerada pelos mercados e que poderá nos fazer conviver com o racionamento de energia”, avalia o gestor. Para piorar, ressalta, o Brasil vive uma crise institucional séria e a próxima eleição presidencial será muito complicada. “Ninguém sabe o que poderá acontecer em 2022 e isso fará o investimento se retrair”, receia.
Apesar das incertezas, a casa que atua hoje basicamente junto a family offices e instituições financeiras, aposta no crescimento junto a investidores institucionais e varejo. Em cinco anos a RPS Capital quer que esses dois novos segmentos, juntos, representem metade do patrimônio sob gestão, sendo 25% cada um. A outra metade continuaria sendo dividida entre family offices e bancos, diz Di Sora.