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Gestor de fundo global de US$ 12 bilhões aposta na busca de alfa

Tim LeaskJPMorganCom uma carteira de investimentos globais de US$ 12 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão são de um feeder lançado pelo Banco do Brasil em 2013, o Global Select Equity Fund do JP Morgan aposta na gestão ativa de ações como a melhor estratégia para buscar alfa —retorno acima dos índices. O gestor do fundo, Tim Leask, estará no Brasil na semana que vem para visitar fundos de pensão locais e explicar o seu modelo de seleção de ações, que analisa um universo de cerca de 2,5 mil empresas globais, por um período de cinco anos, em busca de alfa. “O que faz a diferença do fundo é nosso processo de seleção de empresas, que analisa as taxas de lucros e dividendos das empresas para encontrar as melhores Taxas Internas de Retorno (TIR)”, explica Leask em entrevista por videoconferência à Investidor Institucional.
Com 78 a 80 ações no portfólio, o fundo rodizia anualmente cerca de 70% da carteira, mas sempre mantendo uma equivalência com os setores investidos pelo MSCI Wold. O desvio máximo em relação aos setores da carteira do MSCI Wold não superam os 2,5%, explica Leask. Apesar da equivalência setorial com a carteira do MSCI World, o processo de análise e seleção de empresas é próprio, desenvolvido pelo banco na década de 1980 e lançado após mais de uma década de testes, em 1997. Atualmente, 24% da carteira do Global Select são de empresas do setor de consumo, 14% de cuidados com a saúde, 20% de commodities e indústria, 17% de finanças e seguros, 18% de tecnologia e 6% de utilities e telecom.
Em termos geográficos, 72% do portfólio do fundo são de empresas norte-americanas, 20% de empresas da Europa continental e o restante de outras regiões. Empresas dos mercados emergentes representam menos de 3% do portfólio, sendo que nenhuma é brasileira. “É basicamente um portfólio de empresas do mundo desenvolvido”, explica Leask.

Buscar alfa - Para Leask, a seleção de ações é cada vez mais importante nos processos de investimentos dos fundos, uma vez que estudos feitos pela equipe de análises do JP Morgan apontam que a taxa de retorno das ações nos próximos dez anos deve ser inferior à verificada nos dez anos passados. “Os retornos desta década vão ser menores que os da década passada”, afirma o gestor com base nesses estudos. Segundo ele, as empresas norte-americanas tiveram um retorno médio anualizado de 14% nos últimos dez anos, que deve cair para uma média anual de 4% na próxima década. O MSCI All Country rendeu 10% na média anualizada na última década, mas não deve passar de 5% nesta década. “Para superar os índices, os gestores terão que buscar alfa”, sentencia.
O Global Select Equity Fund rendeu -9,13% no acumulado deste ano, 0,02% em 12 meses e 47,85% em 36 meses. Já o BB Global Select, seu feeder local que não tem hedge cambial, rendeu -19,82% no acumulado do ano, -8,30% em 12 meses e 81,76% em 36 meses. “Olhamos sempre o longo prazo”, diz Leask. Segundo ele, “corretoras sell side olham os resultados de três meses, seis meses, nós olhamos os lucros e dividendos de cinco anos da empresa”.
A equipe de análise do fundo é composta por 80 analistas, que acompanham um universo de cerca de 2,5 mil empresas ao redor do mundo. De acordo com Leask, a ampla maioria dessas grandes companhias estão localizadas em países desenvolvidos, mas ele considera o domicílio menos relevante do que os países onde elas geram suas receitas. A norte-americana Amazon, por exemplo, gera 18% das suas receitas nos Estados Unidos e 67% nos países da Europa. A francesa Louis Vuitton gera 24% da sua receita na Europa e 42% nos países emergentes. E a Vinci, francesa que atua nos segmentos de pedágios e aeroportos, gera apenas 5% da sua receita na Europa e 75% nos Estados Unidos.

Taxa de juros - Em relação à alta nas taxas de juros anunciadas pelo Fed (Banco Central dos EUA), que ainda causam volatilidades nos mercados por ser desconhecido o ritmo e o ponto onde o FED pretende estacionar os juros, Leask diz que “o mercado já antecipou essa alta”. A queda das ações de tecnologia desde o final do ano passado, por exemplo, é resultado disso, assim como a alta das ações de energia e utilities. Segundo ele, o mercado repete o mesmo movimento do início da pandemia do coronavirius, quando rebaixou o preço das empresas de varejo. “Nós compramos na baixa, quando o TIR delas estava atraente”, explica. “Quando veio a vacina da Pfizer, essas empresas de varejo se beneficiaram bastante da notícia e voltaram a subir, ai vendemos”.
Segundo ele, agora está acontecendo a mesma coisa, o aumento dos juros vai afetar alguns setores e beneficiar outros. "Mas não gostamos apostar em setores", diz o gestor do Global Select Equity Fund. “Nosso trabalho é buscar alfa analisando empresas para descobrir seu histórico e projeções de lucros e dividendos. Tomamos nossas decisões baseados nisso”.