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Signal vê 2023 como um ano ruim para captar junto a institucional

Ricardo FernandezSignalA Signal Capital, gestora independente com R$ 1,2 bilhão sob gestão, especializada em fundos de fundos de private equity e investimentos alternativos, aposta agora no seu quarto fundo, desta vez tendo como alvo o segmento de special opportunities, informa Ricardo Fernandez, sócio-fundador. O fundo, que começou a ser levantado há três meses, já fez um closing de R$ 100 milhões e espera estar com 20% alocados até o final do ano. Ele investirá 50% de seus recursos por meio de operações primárias com outros gestores, no modelo de fundos de fundos (FoF), e os outros 50% em oportunidades de co-investimento e em operações no mercado secundário, tanto na classe de dívida quanto de equities.
O perfil será oportunístico, sem deixar qualquer setor do lado de fora, explica Fernandez. “Decidimos colocar 50% em FoF, um percentual superior ao que utilizamos nos outros três fundos, porque essa é uma estratégia mais arriscada e acreditamos que seria preciso ter maior diversificação de casas, com gestores especializados inclusive em ativos distressed, para mitigar o risco”, diz. As perspectivas de private equity e alternativos para 2023 são positivas do ponto de vista de oportunidades de investimento, ainda que o ano deva ser difícil para captação, por conta da forte competição dos juros dos títulos públicos federais, acredita o gestor.
“Em relação à demanda dos fundos de pensão, que são historicamente os nossos melhores investidores e representam 50% dos recursos nos três fundos já existentes, confesso que não estou otimista para 2023 porque as taxas de juros deverão seguir elevadas e a sinalização é de que isso irá permanecer por mais tempo, o que concorre com os FIPs”, diz o gestor. “Serão dois anos ruins para captar mas ótimos para investir porque teremos oportunidades boas para alocar capital com um valuation mais realista”, resume.
Neste período pós-eleitoral, já há operações 20% a 30% mais baratas do que há três meses, principalmente no mercado de dívida. “Tivemos a percepção de que a volatilidade do mercado não iria baixar independente de quem fosse o vencedor da eleição e estamos tentando aproveitar ao máximo essas oportunidades”, diz. Ele compreende a hesitação das fundações em buscarem mais ativos alternativos nesse cenário, mas enfatiza que não concorda: “ainda que o juro permaneça alto por mais dois anos, por que ficar travado? O private equity vai trazer retornos mais altos na saída dos investimentos dentro de dois a três anos, quando o juro estiver em queda”, argumenta.
Ao todo, a casa tem R$ 1,2 bilhão sob gestão, incluindo também um veículo de co-investimento com um family office e um investidor estrangeiro. A gestora nasceu da operação brasileira da Hamilton Lane, que Fernandez comandou por dez anos, durante os quais foi o responsável pelos investimentos da casa americana na América Latina. Em 2020, depois de adquirir a operação dos americanos, o time de Fernandez vendeu participação minoritária na Signal ao BTG Pactual.
Os dois primeiros fundos, que haviam sido levantados ainda como Hamilton Lance, foram lançados em 2013 e 2018. O primeiro deles, hoje em fase avançada de desinvestimento, já retornou grande parte dos ganhos para os investidores e atingiu taxa interna de retorno (TIR) de 20% e contou também com distribuição de capital originado pela saída de empresas que foram bem e pagaram dividendos. O segundo ainda está no período de investimento mas já performa acima dos 30% anualizados e devolveu mais de 20% do capital comprometido. “O investidor valoriza essa capacidade de devolver capital, de maneira recorrente e o mais rápida possível”, avalia.
O terceiro, fundo, que já tem R$ 400 milhões, foi criado em 2021, conta com a Hamilton Lane como co-investidora e tem uma estratégia em linha com a atuação dos fundos mais antigos, que reduziram aos poucos o percentual de alocação primária e combinam também co-investimentos e mercado secundário. O alvo é investir 15% em operações primárias por meio de FoF, além de co-investimentos e operações no secundário. “Esse fundo, que já tem 40% alocados e mais três anos de investimentos pela frente, atrai não só os investidores já existentes mas também pessoas físicas, segmento do qual no beneficiamos após a associação com o BTG Pactual”, conta.