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Fundos distressed vivem momento excepcional para compra de ativos

Cristian LaraStrategiOs reflexos do rombo produzido pela inconsitência contábil da Americanas já estão visíveis no impacto sobre os ativos de crédito high grade no mercado secundário, segmento em que muitos gestores foram obrigados a vender tudo o que podiam, sobre os fundos imobiliários que tinham ativos alugados para a companhia e sobre os fornecedores de pequeno e médio porte que tinham concentração de negócios na companhia, avalia Cristian Lara, sócio-fundador da Strategi Capital, gestora especializada em ativos alternativos e special situations.
Do ponto de vista dos fundos que compram ativos estressados (distressed), ativos problemáticos em situações especiais, contudo, o ano de 2023 segue como um momento excepcional para a busca de oportunidades em ativos, aponta o gestor. “Os ativos distressed são descorrelacionados com a bolsa e com os ativos de crédito high grade e o seu passivo não é captado diariamente porque eles captam recursos em “safras”e têm períodos de investimento de dois a três anos, ou seja, o dinheiro já está disponível”, observa.
Esse tipo de fundo vive um momento extremamente positivo sob o ponto de vista da aquisição de ativos por conta das condições macroeconômicas, com juros elevados, alta volatilidade e incertezas que retraem o investidor tradicional. “O cenário indefinido gera mais conservadorismo e também maior incidência de empresas que vão precisar reestruturar seus balanços, o que é ótimo para os distressed”,diz. Somado a isso, houve a alteração na regulação dos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) não padronizados, que passam a ter acesso a um público ampliado, o que deve impulsionar esse mercado.
A gestora tem dois anos de vida e dois veículos de investimento. Um deles, que tem gestão discricionária, é um FIDC que investe em Non Performing Loans (NPL ou ativos inadimplidos - créditos vencidos e não pagos nos bancos), tem R$ 75 milhões captados e busca soluções judiciais ou de reestruturação para conseguir remuneração. O fundo tem um ano de vida, mais um ano para investir e já investiu mais de 50% dos recursos. “O ano de 2022 foi positivo e agora estamos tentando colocar de novo algumas operações em pé”, diz. A outra vertente é uma estratégia não discricionária que estrutura operações sob demanda e cria veículos para isso.