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FIIs estão abaixo de seu valor patrimonial e sem novas emissões

André FreitasHedgeOs fundos de investimento imobiliário (FII), atingidos na veia pela alta combinada dos juros e da inflação que caracteriza o atual cenário, têm sido negociados com fortes descontos, abaixo de seu valor patrimonial, o que inviabiliza novas emissões. “Em 2023 estamos sem captação, devemos tentar uma emissão do nosso Fundo de Fundos (FoF) agora no segundo trimestre mas a expectativa é baixa porque grande parte do fundo está com desconto em relação ao seu valor patrimonial, ou seja, não dá para emitir”, explica André Freitas, CEO e CIO da Hedge Investments.
No ano passado, foram feitas algumas emissões puras de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), papéis originados pela gestora para esperar até que haja uma janela de novas emissões do FII de CRIs. “Além disso fizemos uma emissão para o nosso Fiagro. Até agora, o ano está sem qualquer dinamismo no mercado de fundos imobiliários e 2022 já havia sido muito ruim para a captação da indústria, uma conjuntura parecida com o que aconteceu nos fundos de ações porque o juro alto e a volatilidade gerada pelas eleições haviam derrubado o apetite dos investidores. |”Só houve algum espaço para emissão de FIIs e CRIs no último trimestre de 2022”, observa.
O Fiagro, por sua vez, já chegou a R$ 12 bilhões, com alocação concentrada na modalidade de renda fixa, ou seja, 90% do fundo é um FIDC de crédito. “O que movimenta o mercado no Brasil hoje é apenas o crédito, devido ao juro elevado. Os FIIs estão com captação negativa porque as taxas de juros bloqueiam os investimentos e a demanda dos investidores está toda direcionada à renda fixa”, avalia.
Os descontos dos FIIs em relação ao seu valor patrimonial estão em torno de 20%, sendo que os FoFs de FIIs têm desconto de 19%, enquanto os fundos de lajes corporativas chegam a sofrer 30% de desconto, os fundos de shopping centers estão descontados em torno de 14% e os fundos de CRIs são os que menos sofrem, com descontos entre 3% e 4%. “Em 2022 teve um pouco de recursos para os fundos de tijolo, mas a indústria como um todo captou R$ 21,4 bilhões, dos quais 57% foram para CRIs. O mercado de FIIs só irá destravar quando houver perspectiva de queda do juro”, afirma.