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Selic em 10% torna fundos de exterior mais atrativos, diz Landers

Will LandersBTGA entrada em vigor, a partir de outubro, do novo marco regulatório dos fundos de investimento (Resolução CVM nº175), combinada ao esperado início do ciclo de redução da taxa Selic, eleva o potencial de expansão para os fundos de investimento no exterior, avalia Will Landers, head da área de distribuição de fundos de terceiros (third party distribution) do banco BTG Pactual. A área distribui produtos de gestoras locais e internacionais, com exceção dos fundos geridos pela BTG Pactual Asset Management.
Landers, que além do próprio BTG já atuou na BlackRock, no Credit Suisse e no Lehman Brothers, comanda agora, do escritório em Nova York, uma área que tem R$ 2,5 bilhões e 16 feeder funds de 12 gestores oferecidos no Brasil. Ele lembra que a oferta de produtos no País, por conta da atual regulação, ainda é restrita aos investidores qualificados. “A partir de outubro, porém, esse segmento estará disponível para o público em geral, inclusive de varejo. Além disso, quando o juro aqui começar a cair, esperamos que haja uma abertura maior no interesse dos investidores pelo exterior”, diz. O ponto de partida para despertar esse limite, aponta o gestor, deve surgir quando a Selic recuar para 10% e daí para baixo.
Atenta à oportunidade, a casa está examinando sua grade de produtos e os gestores capazes de oferecer alternativas atraentes de diversificação lá fora. “O nosso número de feeders está adequado e inclui tanto FIC FIAs hedgeados como sem hedge. A ideia agora é ampliar a grade de produtos locais para investir lá fora e oferecer também produtos que não sejam necessariamente feeders”, afirma.
O objetivo é buscar gestores que façam o dever de casa na seleção de ativos e consigam avaliar companhia por companhia. A intenção é trazer gestores que deem acesso a segmentos como o de tecnologia global, que volta a ser uma aposta forte de crescimento.
Com a possível pausa no ciclo de elevação do juro nos EUA, depois da alta de 0,25 ponto percentual anunciada pelo Fed em março, a renda fixa global é outra classe que deverá ganhar espaço a partir de agora, avalia Landers. “Não deverá haver mais correção de preços daqui por diante, o que torna possível escolher ativos de acordo com o risco. O destaque será para fundos de high yield na renda fixa, com qualidade”, explica.
Geograficamente, a atenção está voltada para a China, que tem tudo para ir bem depois de três anos de lockdown pesado. “A economia chinesa tem hoje forte demanda reprimida e o consumo vai crescer em todos os setores, beneficiando também as companhias de países europeus que são grandes fornecedores de produtos de luxo e os grandes exportadores brasileiros”, aponta.
Com apenas 1% a 2% da capitalização global em ações, o Brasil ainda mantém um forte viés de investimento local, em particular nos setores de commodities e bancos. “A correlação entre os ativos aqui é mais alta do que em outros países, então há uma oportunidade relevante para aumentar os percentuais de diversificação no exterior para níveis muito maiores nos próximos três anos”, diz.
Para os institucionais como os fundos de pensão, entretanto, isso irá depender da redução do juro. “Seria irracional para eles saírem de títulos públicos agora e essa expansão poderá demorar um pouco, conforme o ritmo de queda do juro. No varejo, o potencial a partir de outubro será grande em função da nova regulação, que democratiza o acesso às carteiras”, acredita.