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Prevendo ciclo econômico positivo, FAR lança L&B e Sinergia 8

Faernando TendoliniFatorA FAR, gestora de recursos ligada ao Banco Fator, está apostando em um novo ciclo positivo para a economia brasileira, que já estaria sendo sinalizado pela maior demanda dos investidores por papéis de empresas menores de segunda e terceira linha. O índice Smll da B3, que mede o desempenho das empresas classificadas como small-caps, teve valorização de 13,54% em maio e de 4,71% no acumulado do ano.
Seguindo essa linha de análise, a gestora lançou na semana passada um novo fundo de ações, o Fator Momento Long Biased, composto por ações de segunda e terceira linha. Segundo o head de renda variável da FAR, Fernando Tendolini, o fundo pode operar em vários mercados e em várias estratégias, além de operar short (vendido). “Achamos que começa a haver espaço para fundos de ciclo mais longo”, diz.
De acordo com ele, a gestora também está finalizando as estratégias para o lançamento do Sinergia 8, o novo fundo da série que leva esse nome, que combina compra de participações relevantes em empresas com uma visão ativista nas mesmas. Os fundos da série, iniciada nos anos 2000, foram bem até o Sinergia 4, que enfrentou entre 2014 e 2016, como outros fundos dessa estratégia, “um ciclo muito difícil”. Com uma economia em recessão como a daqueles anos, os pedidos de resgate só poderiam ser honrados com vendas de participações a preços muito baixos, o que levaria prejuízos ao fundo. Para escapar do dilema a FAR adiou seu encerramento de 2015 para 2016, o que gerou ruídos no mercado.
“Na estruturação do Sinergia 8 pretendemos ouvir os parceiros para saber exatamente o que eles querem”, explica Tendolini. “Vamos ver quais as melhorias necessárias para o lançamento do novo Sinergia, mas certamente terá uma visão de proximidade com os parceiros como forma de gerar alfa”. Na sua avaliação, o mercado vive hoje uma janela de oportunidades semelhante a que existia em 2001, quando o Sinergia I foi lançado, ano que envolvia várias incertezas econômicas derivadas do apagão do setor elétrico, do atentado do 11 de setembro às torres gêmeas nos Estados Unidos e da campanha que resultou na primeira eleição do presidente Lula no ano seguinte. “Existia muita incerteza em 2001, mas em seguida a economia engrenou e entrou num ciclo positivo. O Sinergia I surfou nesse ciclo e trouxe excelentes resultados aos cotistas”, lembra o head de renda variável da FAR. “Acreditamos que estamos vivendo um momento parecido, com a perspectiva de um novo ciclo positivo à frente”.
A valorização do índice Smll da B3 neste ano é um indicativo disso, segundo Tendolini. Ele avalia que essa valorização foi provocada pela entrada na bolsa de investidores “pioneiros” que estão comprando papéis de setores que consideram sub-avaliados, “antecipando” o próximo ciclo positivo. Ainda na sua avaliação, contribuem para esse ciclo positivo em formação tanto fatores internos, ainda não totalmente precificados pelo mercado, quanto externos. Entre os internos ele cita o arrefecimento da inflação, a aprovação do arcabouço fiscal, a perspectiva de corte nas taxas de juros e uma certa estabilidade cambial. Já entre os externos ele aponta dois que considera os mais importantes: a reorganização das cadeias produtivas no pós-covid, que tem deslocado indústrias instaladas na China para outras regiões, nas quais se insere o Brasil, e a pauta ambiental que dá ao País um papel relevante na construção de uma matriz energética global mais limpa.
Além disso, segundo Tendolini, a disputa geopolítica que tem se acirrado entre os Estados Unidos e China tende a levar os países do bloco ocidental a investirem mais na América Latina, particularmente no Brasil, para não deixarem a China ocupar mais espaços nessa região. O país asiático, através da iniciativa da nova rota da seda, tem feito investimentos pesados em vários países latino-americanos, inclusive Uruguai, Argentina, Chile e outros.
Outro trunfo da gestora do Fator para o lançamento dos novos fundos de renda variável é a volta da analista Lika Takahashi, que chefiou a área de análise de ações da corretora por quase a totalidade dos 13 anos em que esteve na casa, entre 1999 e 2012. Os livros da corretora com as análises feitas por Lika e sua equipe eram disputados pelo mercado, servindo inclusive de base para as estratégias de investimento da gestora. Como o grupo vendeu a corretora ao BTG Pactual em 2021, Lika incorpora-se agora diretamente à gestora, no papel de estrategista.