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Queda da Selic deve ampliar mercados para FIDCs, avalia Banco BV

Banco BVCoordenador de duas novas ofertas de fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCs) concluídas em janeiro, no valor total de R$ 173 milhões, o Banco BV está apostando na retomada do dinamismo desse mercado à medida em que a queda da Selic se aprofunde. Uma das operações, que captou R$ 80 milhões, foi estruturada para a holding Melo Cordeiro, grupo que atua nas áreas de energia e comércio exterior, e a outra, de R$ 93 milhões, envolveu uma das maiores distribuidoras de eletroeletrônicos do Brasil, cujo nome o banco não declinou.
Hoje o BV, segundo maior em número de operações de FIDCs, concentra sua atuação na montagem de alternativas estruturadas de securitização. “Fazemos bastante ofertas taylor made, que precisam fazer sentido para as empresas interessadas em acessar o mercado de capitais. Fugimos das operações de prateleira e analisamos a fundo as carteiras de clientes e outras características específicas de cada empresa” diz o associate senior e um dos responsáveis pela área de operações estruturadas da instituição, Felipe Pretz.
Ele avalia que o mercado de FIDCs, que vinha crescendo no País, sofreu um decréscimo entre 2022 e 2023 em grande parte por conta do efeito dos juros elevados. O horizonte do setor, contudo, é positivo este ano em função da redução da Selic e do apetite dos investidores por alternativas estruturadas capazes de oferecer melhor retorno. “Para as empresas, o FIDC permite liberar capital de giro e reduzir a demanda por linhas de crédito de curto prazo, o que diminui o seu custo de capital”, afirma Pretz.
Os dois novos FIDCs ofertados pelo BV serão geridos pela Kanastra, startup parceira do banco fundada em 2022 e que atua como backoffice tecnológico para estruturação e gestão de investimentos de crédito privado. “Em 2023 vivemos um ciclo de juros ainda altos, o que dificultou a captação, cenário que foi agravado pelos problemas no mercado de crédito, incertezas do primeiro ano do governo Lula e a elevação das taxas de juros lá fora”, observa Manuel Netto, co-fundador da Kanastra.
Em 2024, porém, ele vê o mercado de crédito mais estabilizado, assim como o ambiente político, e os juros em trajetória de queda. “Outro fator relevante é a entrada em vigor da Resolução CVM 175, que trouxe mais responsabilidade aos gestores, agora dividida igualmente com os administradores”, diz.
Além disso, os problemas do mercado em 2023 levaram ao aumento de rigor do mercado em relação à estrutura e à governança dos fundos, o que seria mais um fator para reforçar a perspectiva positiva. Como exemplo de atenção à governança, Netto observa que tem aumentado a demanda pela validação de 100% do lastro dos direitos creditórios que compõem os FIDCs, embora a norma ainda fale em validação por amostragem.
“A oferta do FIDC nos permitiu colocar o pé, pela primeira vez, nesse produto para garantir uma fonte de captação de recursos de longo prazo. A customização da operação inclui conversas diárias entre o time da gestora do fundo e o time da companhia”, afirma Saul Neves, diretor financeiro do grupo Melo Cordeiro e responsável pela sua Tesouraria.
Ele observa que o acompanhamento dos indicadores diários de risco é essencial para a empresa, daí a customização das operações de recebíveis e a tecnologia que permite essa conversa direta terem sido fundamentais no processo de seleção do gestor e da instituição que coordenou a oferta.