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Estudo da Bain & Company mostra private equity menor em 2023

private equity1Relatório da consultoria Bain & Company sobre o mercado global de private equity indica que o tamanho do setor ao final de 2023 equivalia a 40%, em termos de valores, e 65%, em termos de volume de transações, do seu pico em 2021. Enquanto as taxas de juros subiram em uma velocidade sem paralelos desde a década de 1980, o valor de saída das empresas declinou 66% e o número de fundos encerrados caiu quase 55%.
Segundo o relatório, os múltiplos de preço dos negócios, que tendem a se mover inversamente às taxas de juros, caíram ligeiramente no ano passado, uma vez que os vendedores estão trazendo para o mercado apenas os ativos de mais alta qualidade, aqueles em que têm a confiança de que serão vendidos com um retorno razoável. Já os canais de saída secaram em sua maioria, deixando os gestores com incríveis $3,2 trilhões em ativos não vendidos.
Essas quedas na atividade tiveram um efeito inibidor na captação de recursos. As distribuições mais lentas deixaram os investidores com fluxo de caixa negativo, prejudicando sua capacidade de reinvestir em private equity. O setor ainda levantou US$1,2 trilhão em novo capital em 2023, e a categoria de aquisições atraiu US$448 bilhões. Mas os investidores foram altamente seletivos, com foco nos maiores e mais confiáveis fundos de aquisição, enquanto a captação de recursos foi extremamente desafiadora para os demais.
Os índices de cobertura de juros entre as empresas do portfólio apoiadas por aquisições nos Estados Unidos caíram para 2,4 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) – o menor nível desde 2007. Isso está pressionando os gestores a encontrar soluções de liquidez e criar novas maneiras de gerar lucros por meio de alavancagem operacional – não apenas a expansão de múltiplos e o crescimento da receita com os quais o mercado vinha contando há anos.
Complementarmente, a queda de investimentos que começou no segundo semestre de 2022 se estendeu até 2023. Excluindo as aquisições adicionais, o valor dos investimentos em aquisições caiu para US$ 438 bilhões, uma redução de 37% em relação a 2022 e o pior nível desde 2016. O volume total de negociações baixou para cerca de 2.500 transações (20%). Todos os tipos de transações sentiram o impacto, mas aquelas que dependiam de financiamento bancário sofreram mais. Quando os rendimentos dos empréstimos de grande porte se aproximaram de 11% nos EUA e 9% na Europa (ambos em máximas de 10 anos), os bancos recuaram e a emissão de novos empréstimos despencou.

Horizonte – O relatório aponta que o principal motor para uma mudança de cenário é a redução das taxas de juros, algo que se mostra provável para o próximo ano. Com uma perspectiva macroeconômica relativamente estável, até mesmo pequenos cortes podem estimular transações. “É um recorde de US$1,2 trilhão em caixa e 26% desse montante já alcançou quatro anos ou mais de investimento. Isso cria um incentivo mais forte do que o normal para que os gestores comecem a comprar, mesmo que as condições não sejam ideais. A atividade já está aumentando e a tendência em 2024 é provavelmente de alta quando se trata de volume e valor dos negóciosâ€, explica Gustavo Camargo, sócio e líder da área de private equity da Bain na América do Sul.