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Riscos ambientais ameaçam mercado financeiro, diz agência dos EUA

ventoUm relatório divulgado na última quarta-feira (09/09) pela Commodity Futures Trading Comission (CFTC), agência dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções, considera que a mudança climática representa riscos para o sistema financeiro e coloca em xeque a capacidade de sustentação do crescimento econômico de longo prazo. Intitulado “Gerenciando o risco climático no sistema financeiro dos EUA”, o trabalho, de 196 páginas, foi elaborado por um subcomitê da CFTC e recebeu aprovação unânime, sem ressalvas, dos 34 integrantes do grupo, que inclui instituições como Citigroup, BNP Paribas e JP Morgan Chase, além de fundos de pensão como o California Public Employees' Retirement System (Calpers), e organizações ambientais como OS-Climate e The Nature Conservancy.
“Como vimos nas últimas semanas, eventos climáticos extremos continuam varrendo o país, desde os incêndios violentos no oeste até tempestades devastadoras no meio-oeste e os furacões da costa do golfo do México. Essa tendência – que está se tornando cada vez mais nosso novo normal – provavelmente continuará a piorar em frequência e intensidade como resultado de uma mudança no clima”, comentou o comissário Rostin Behnam, um dos cinco integrantes da cúpula da CFTC, no lançamento do texto. “Agora, com este relatório em mãos, os formuladores de políticas, reguladores e partes interessadas podem iniciar o processo de tomar medidas ponderadas e intencionais para a construção de um sistema financeiro resiliente ao clima, que prepare o nosso país para as décadas que virão.”
O trabalho da CFTC analisa ameaças e apresenta propostas de soluções para cinco segmentos: bancos comercias e de investimentos, seguradoras, agentes fiduciários, gestores e investidores institucionais, como fundos de pensão. Com relação a estes últimos, aconselha, entre outras providências, a incorporação de análises de riscos climáticos nos processos de triagem e seleção de gestores externos. “Os proprietários de ativos também podem recorrer a gestores temáticos, especializados em energias limpas ou com foco em transporte sustentável”, diz o texto.
O relatório apresenta 53 recomendações gerais, em sua maioria direcionadas a órgãos do governo dos Estados Unidos e à própria Casa Branca, como o estabelecimento de um preço para o carbono, a integração de critérios de análises de riscos ambientais na formulação de políticas fiscais e a aproximação com organizações de finanças e seguros ligadas à temas climáticos.
Comandada por três republicanos e dois democratas, todos indicados pelo presidente Donald Trump, a CFTC assume, assim, uma postura frontalmente contrária à da administração federal, que nega as mudanças climáticas em curso no planeta. Não por acaso, portanto, alguns dos autores do relatório recém-lançado, revelou o jornal The New York Times, acreditam que as suas recomendações serão ignoradas se Trump alcançar a reeleição, em novembro. Por outro lado, os mesmos entrevistados demonstram confiança de que o trabalho possa se tornar uma referência para o governo caso o candidato democrata Joseph Biden leve a melhor na disputa.