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Políticas monetárias dos BCs parecem sincronizadas, diz Le Grazie

Reinaldo LeGrazieA decisão tomada ontem (16/09) por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), de manter a taxa de juros brasileira em 2% ao ano, coincidiu com a manutenção no mesmo dia dos juros americanos entre 0% e 0,25% ao ano, com apenas dois votos contrários no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Mundo afora, segundo o ex-diretor de política monetária do Banco Central e sócio da gestora Panambi, Reinaldo Le Grazie, “o cenário é muito parecido, há um sincronismo entre as políticas monetárias dos diversos bancos centrais num sentido expansionista”.
Segundo ele, o BC brasileiro está alinhado com essa política monetária global de juros baixos, sem medo de um eventual recrudescimento da inflação. Ao contrário, o que se nota no mundo todo nos últimos cinco anos é uma tendência de acomodação da inflação, resultado de preços de commodities agrícolas bem comportadas por um lado e ciclos econômicos convergentes, por outro. Dessa forma, embora possa parecer estranho pensar dessa forma, na prática o que esta havendo é uma convergência das políticas monetárias globais.
No Brasil até há alguma pressão inflacionária neste ano, por conta principalmente de pressões das commodities agrícolas, mas isso de uma certa forma dá até mais tranquilidade para o BC continuar em sua trajetória de juros baixos. Segundo Le Grazie, parece estar havendo uma antecipação para este ano das pressões inflacionárias antes esperadas apenas para 2021.
O único ruído negativo nesse cenário seria o desenvolvimento de um quadro fiscal desequilibrado, ou seja, com o governo gastando mais do que pode. Para o ex-diretor do BC, no entanto, isso estaria bem distante das possibilidades atuais, até porque hoje o governo não tem de onde tirar os recursos para uma eventual política de estímulo fiscal. A desistência da aprovação do programa Renda Brasil é indicativo disso.
Dessa forma, parece certa a continuidade do alinhamento do BC brasileiro com as políticas monetárias do FED americano e dos BCs europeus. Esses organismos estão apostando na política de juros baixos para reativar as respectivas economias, e parecem dispostos a dobrar a aposta se necessário for.