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MPF abre investigação sobre alta das ações do IRB

O Ministério Público Federal em São Paulo abriu investigação para apurar possíveis crimes financeiros envolvendo negociações com ações da IRB Brasil Resseguros na B3. Os papéis subiram 17,82% no último dia 28 de fevereiro e foram alvo de uma intervenção da própria Bolsa para neutralizar a oscilação. A suspeita é de que as ações da companhia tenham sofrido ataque semelhante ao ocorrido nas últimas semanas pela ação da GameStop nos Estados Unidos. O papel dessa empresa subiram mais de 1.600% em janeiro na Bolsa de Nova York a partir de compras articuladas em redes sociais por milhares de investidores individuais.
“O movimento caracteriza-se pela compra orquestrada de ativos para os quais há previsão de queda no mercado. Comumente papéis desse tipo são negociados por fundos que pretendem obter ganhos em operações a descoberto, nas quais essas ações são “alugadas” de outros investidores e vendidas na Bolsa, apostando-se na sua desvalorização”, afirma o MPF em nota.
Ainda segundo o MPF, caso a tendência de baixa se confirme, o lucro vem na diferença entre o preço de venda e o de recompra dos ativos, que então são devolvidos aos "locadores". Mas essas flutuações podem ser alteradas se outros investidores combinarem entre si a compra dos papéis para inverter a queda esperada, gerando uma tendência artificial de elevação do valor.
Segundo o MPF, há indícios de que investidores individuais articularam a compra massiva das ações da IRB por meio de um aplicativo de mensagens em redes sociais. A prática pode configurar crime de manipulação do mercado. O órgão também investiga a conduta da B3, que fez um leilão contínuo de ações da IRB no dia seguinte (29/01) para conter a valorização. O procurador Rodrigo de Grandis, responsável pelo procedimento instaurado, já pediu esclarecimentos à presidência da B3, que terá 15 dias para enviar as respostas.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários tem o mesmo prazo para se manifestar sobre a conduta dos investidores.