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Copom mantém taxa Selic em 13,75%, mas afasta ameaça de elevação

banco central1Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reunido por dois dias, de terça até esta quarta-feira (21/6), decidiu manter inalterada a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro, que aposta em queda da Selic apenas a partir de agosto ou setembro.
Embora o Copom indique na nota emitida após a reunião que ainda existem riscos sobre a inflação, como eventuais pressões globais sobre os preços, e também incertezas “residuais” sobre a votação do arcabouço fiscal, não incluiu a frase presente nos últimos documentos que afirmava que o Banco Central poderia voltar a elevar os juros caso a inflação subisse.
“O comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, ressaltou a nota.
A taxa Selic continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a sétima vez seguida em que o BC não mexe na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Para a economista sênior da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, “a linguagem do Banco Central revela —não apenas pelo que fala, mas também pelo que omite — que a instituição se prepara para cortar juros, embora não necessariamente já em agosto”. Segundo ela, o BCB dá sinais de estar prestes a cortar quando remove a referência à possibilidade de uma alta, às projeções sob juros constantes e à avaliação que o BCB faz dos passos da política fiscal até agora.
Ainda de acordo com a economista da Bloomberg Economics, “por outro lado o Copom parece tentar conter as expectativas de um corte iminente ao sinalizar como pré-condição para o corte a queda na inflação esperada e subjacente”. Segundo ela, o BCB não sinaliza mas também não fecha a porta para um corte em agosto: vai depender de novas boas notícias nestas variáveis.
Para o estrategista-chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann, “esse comunicado é mais dovish que o de maio, mas aquém das expectativas do mercado que começou a precificar a possibilidade de ter um corte de 0,50 em agosto, com Selic inferior a 12% no fim do ano (Curva DI)”.
Ainda de acordo com Lohmann, “é provável ter um ajuste para cima dos juros amanhã, aguardando a ata para mais detalhes”. Prosseguindo, prevê “um corte de 0,25% em agosto, mas com probabilidade importante de ver esse corte realizado apenas em setembro, dada a fraca visibilidade nas medidas subjacentes do IPCA em junho e julho”.