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CVM quer regulamentar relação entre influenciadores e mercado

Bruno LunaCVMA Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou nesta quarta-feira (19/4) estudo para regulamentar a relação comercial entre influenciadores digitais e o mercado de capitais. O tema está pautado para consulta pública ainda em 2023. Pesquisa feita pela B3, citada no estudo da CVM, indica que 75% de um grupo de investidores pesquisados iniciaram seus investimentos com base em informações de YouTube e de influenciadores de redes sociais.
A pesquisa da B3 cita ainda que 45% do grupo de investidores pesquisados aprendeu a investir pelas plataformas online, 31% com a ajuda de amigos, 20% através de mídia impressa (jornais, revistas e livros), 18% voa podcasts, 9% em cursos presenciais, 7% com ajuda de gerente financeiro ou assessor financeiro, 1% pelo rádio e 13% por outros meios.
Outra pesquisa, essa feita pela Anbima, mostra que o número de influenciadores que falam de investimentos nas redes sociais mais que dobrou em 2022, passando de 255 no primeiro semestre para 515 no segundo semestre.
"Reconhecemos a importância dos influenciadores digitais no trabalho de educação financeira. Eles têm papel fundamental e os números comprovam isso. Nosso foco é oferecer a transparência necessária para que o investidor possa tomar sua decisão da forma mais segura e consciente possível", explica o chefe da Assessoria de Análise e Gestão de Risco (ASA) da CVM, Bruno Luna.
Segundo Luna, o estudo, “somado às discussões junto aos autorreguladores, é um esforço da CVM para ampliar a transparência ao público investidor e reduzir a assimetria informacional ao se consumir conteúdo produzido em parceria com participantes regulados."
O estudo da CVM também destaca as discussões que estão sendo realizadas com a Anbima e a Supervisão de Mercados da B3 (BSM) no sentido de alinhar iniciativas no âmbito da autorregulação. "O tema é relevante e requer atenção no âmbito da regulação e da autorregulação, por conta do avanço e crescimento do número de influenciadores digitais no mercado. Parte importante desse grupo tem relação contratual com participantes regulados pela CVM e o investidor muitas vezes não sabe isso”, diz Luna.
Para o analista da ASA/CVM, José Antônio de Souza, o objetivo não é regular a atuação dos influenciadores, mas estender a eles as obrigações exigidas aos regulados da CVM. "Todo participante autorizado pela autarquia a atuar no mercado de capitais deve cumprir as normas do regulador. Isso é primordial para o bom funcionamento e a integridade do setor. A mesma conduta também deve ocorrer para os contratados pelos regulados. Então, a proposta é demonstrar que a transparência com o investidor deve se estender aos influenciadores e às plataformas de investimento contratadas por regulados da CVM", explicou o analista.
"É preciso ficar claro que o influenciador está sendo remunerado para dar aquela opinião. O foco não é entrar em questões operacionais, que poderão ser melhor descritas por meio da autorregulação. O objetivo é informar o público investidor de que aquela orientação, informação ou opinião está sendo emitida por conta de um contrato entre o influenciador e um regulado da CVM”, diz Luna. “Transparência ao investidor faz parte da boa conduta no mercado de capitais e deve ser zelada e praticada por todos que atuam nele".
A recomendação da ASA está em linha com o que já é feito em outros países, em especial nos Estados Unidos, em que esse tipo de ação já é muito disseminada, prezando pela transparência das informações.