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Robô faz análise de crédito para operações da área financeira

inteligencia artificialA Uncaflow, uma startup que tem como sócios ex-integrantes do setor financeiro, está colocando no mercado um sistema de análise de crédito que opera com base em inteligência artificial. O sistema, que tem o mesmo nome da startup, permite que assets e outras instituições que analisam crédito de empresas para fornecer-lhes financiamento ou serviços, possam fazê-lo com mais segurança.
O sistema foi desenvolvido pelo ex-Bradesco BBI, Otto Bertanne, com passagens anteriores também pelo Daycoval, Capital Markets e Citi. Durante quase quatro anos, entre 2008 e 2011, ele atuou no desenvolvimento de operações de crédito para clientes corporativos do Bradesco BBI, e observou que nem sempre a análise dos seus Demonstrativos de Resultados do Exercício, os populares DREs, representavam de forma fidedigna sua capacidade financeira. “Já naquela época comecei a pensar num modelo de análise de crédito diferente, olhando a empresa não pelo seu balanço mas pela sua execução de caixa”, explica Bertanne.
Ele saiu do banco e montou uma consultoria para oferecer esse novo tipo de análise ao mercado financeiro, inicialmente numa versão tradicional, feita por pessoas. Em 2017, após seis anos de estrada, começou a automatizar o serviço, introduzindo análise robótica. Basicamente, o robô olha quatro vertentes: valores; tempo; recorrência; e data. A partir da análise desses quatro pilares o Uncaflow, abreviatura do termo inglês Unique Cash Flow, consegue detectar se há falhas nas informações das empresas e em quais das quatro vertentes elas devem ser procuradas. “Muita coisa não aparece na contabilidade normal, nosso sistema usa um robô de busca que olha a movimentação bancária da empresa, analisando todas as suas contas, para avaliar se os resultados são consistentes, ou não, com padrões do setor”.
Uma análise de crédito feita recentemente em uma concessionária de automóveis, que dizia faturar R$ 16 milhões ano, mostrou que na verdade ela faturava com a operação propriamente dita apenas R$ 10 milhões, sendo que R$ 6 milhões vinham de outras origens não relacionadas ao negócio. O cliente que contratou a análise não fechou a operação. “Foi ótimo para nosso cliente detectar isso, era um tipo de risco que ele não queria correr”, diz. “Quando você consegue enxergar melhor, com mais visibilidade, pode aumentar o nível de risco que está disposto a assumir”.
O robô opera a partir de um conjunto de premissas e através de inteligência artificial vai aprendendo com as novas análises. Ele fornece, ao final da avaliação, um score, espécie de classificação de rating, para o crédito da empresa. Segundo outro sócio da empresa, o ex-dono da asset GGR vendida para a Horus em 2018, Telêmaco Genovesi, o sistema deve começar a ser usado no ano que vem por um grupo financeiro norte-americano cujo nome ele prefere não revelar. “Eles vão testar primeiramente na sua área de family-office para depois implantar na operação toda”, diz Genovesi.